O Roubo da Taça chega ao circuito
nacional logo após receber 4 prêmios no Festival
de Gramado, dentre eles, Fotografia, Direção de Arte, Ator e Roteiro. Sendo
um dos principais destaques do festival e inspirado no caso real, o longa
roteirizado e dirigido por Caito Ortiz começa mostrando Peralta (Paulo
Tiefenthaler) e Borracha (Danilo
Grancheia) roubando a Taça Jules Rimet da sede da CBF, mérito da seleção
brasileira depois de vencer três copas do mundo, mantendo o prêmio em casa,
assim sendo. A fim de vender a taça, acreditando que tinha roubado uma
falsa pela informação que recebeu, Peralta tenta pagar suas dívidas de jogo ao
Bispo (Hamilton Vaz Pereira), que
ameaça a ele e sua esposa, Dolores (Taís
Araújo). O caso acaba se tornando
de extrema importância na mídia pelo fato da taça roubada ser a real, e não a réplica,
o que leva Peralta tomar a única medida encontrada para se livrar do valioso
item, e ao mesmo tempo, conseguir o dinheiro para pagar sua dívida no melhor
jeitinho brasileiro.
Dos
cenários até os figurinos, a arte do filme realmente merece um destaque, o
prêmio recebido nessa categoria que mais se destaca entre os quatro, conseguindo
te transportar para o Brasil dos anos
80, representando bem o período da ditadura vivida na época. O ritmo do filme é
criado aos poucos e devagar, o que desagrada no inicio, mas melhora em seu
segundo ato, conseguindo ser uma comédia que foge e outros filmes nacionais de
mesmo gênero, como Muita Calma Nessa Hora. Para os leigos em futebol (assim como eu), o
filme faz um breve resumo de um minuto, mostrando rapidamente a história da
taça, das copas, o contexto histórico brasileiro e como uma das personagens
entra na trama, na forma de narração de Taís Araújo.
Mesmo
sendo vencedor de prêmios do maior festival de cinema nacional, o filme falha com
piadas chulas, planos sexualizando mulheres e seu final, que poderia ter
acabado em uma cena onde você entendia a ideia que o diretor queria passar, mas
acaba passando uma cena que deixa tudo explicadinho do que você já tinha
entendido, sendo desnecessária. A comédia é outro ponto que acaba sendo fraco
em alguns momentos, principalmente envolvendo Peralta, que acaba tendo um número
maior de cenas cômicas devido ao seu protagonismo; porém, as cenas de Dolores e
do argentino acabam funcionado bem e salvam o filme, pois aparecem em momentos
certos deixando-o mais engraçado.
Paulo
Tiefenthaler (Dupla Identidade) faz
jus ao prêmio que ganhou, tornando Peralta em um personagem extremamente chato.
Precisamos separar o ator do personagem, pois Paulo faz com que Peralta consiga encher o saco do inicio do filme até o
seu final, mostrando ser um tanto quanto escroto ao final, conseguindo ter uma evolução,
mesmo sendo negativa para a personagem. Taís Araújo (novela Cheias de Charme) está ótima no seu
papel também, conseguindo passar uma imagem de mulher mais forte do que outras
protagonistas brasileiras (mesmo que, infelizmente, tenham planos que
sexualizem ela), e fica responsável por levar o filme em alguns momentos,
principalmente em piadas. Danilo Grangheia, Milhem Cortaz
e Stepan Nercessian (Um Suburbano Sortudo) fecham o elenco de apoio, que agrada ao decorrer do filme, contando
com uma participação especial um tanto inesperada de Mr. Catra.
Entre
erros e acertos, O Roubo da Taça é
uma comédia nacional que fica acima da média em qualidades técnicas e em
momentos cômicos, mas que, assim como o 7 a 1, infelizmente acaba tendo seu
potencial perdido, principalmente em momentos iniciais e finais, que ficam fracos
e repletos de piadas fracas e genéricas.
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