Mente criativa e prolífera, Steven Soderbergh não se permite ficar pra trás e é curioso como o diretor de tantas obras marcantes como Sexo, Mentiras e Videotape, Erin Brockovich, Onze Homens e Um Segredo e até Magic Mike, sem se esquecer de seus experimentos com iPhone entregando Distúrbio e High Flying Bird, sempre tem o que contar no cinema buscando meios intuitivos. Em tempo em que presenciamos dois filmes do diretor em cartaz ao mesmo tempo (Código Preto, todavia, tem lançamento original mais recente), Presença chega como um exercício de estética que parece coisa da A24.
Roteirizado pelo formulaico David Koepp inspirado em relatos ocorridos na casa do próprio Soderbergh, a narrativa empreende-se em ser uma história de fantasma fora do comum escolhendo não ser um título de terror (bem, da forma como presumiríamos) enquanto não permite ser um drama profundo sobre o luto. A trama é simples: acompanhamos, sob o ponto de vista fantasmagórico, uma família capitaneada por Lucy Liu que vem a morar em uma casa em um bom bairro no intuito de facilitar a rotina de estudos e esportes para o filho mais velho, Tyler (Eddy Maday), enquanto Chloe (Callina Liang), a mais nova, precisa lidar com a dor de ter perdido a melhor amiga, o que é um ponto de partida de aproximação para a presença ali.
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(© Diamond Films/The Spectral Spirit Company/Divulgação) |
Por outro lado, toda essa simplicidade faz com que o filme seja um tanto quanto superficial demais. Há uma intriga no relacionamento do casal, mas as motivações são meio que a esmo, ainda que o conflito familiar seja algo interessante de se ver, mas até mesmo as motivações mais sobrenaturais soam rasteiras, apressadas ou, simplesmente, fracas. Ainda assim, é interessantíssimo o trabalho de Soderbergh com sua decupagem econômica que faz com que toda a operação de câmera assuma uma personagem em cena: seu passo e olhar têm cadências apropriadas para cada emoção sentida, por exemplo, e até a distorção da lente grande-angular da câmera Sony a9 III faz todo o ambiente realista parecer mais estranho.
Não espere de Presença uma obra introspectiva feito A Ghost Story, mas penso que seus mistérios (mesmo que básicos) tornam todo o enredo suficientemente cativante que vale a atenção por seu intuito.
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