EVIDÊNCIAS DO AMOR – negando as aparências, disfarçando as evidências | CRÍTICA

Novo filme de Fábio Porchat não é tão ruim quanto o trailer quis te convencer que era, mesmo assim ainda repete erros de uma embalagem ultrapassada.

O filme conta a história de Marco (Porchat), que após um término de relacionamento conturbado passa a voltar no tempo todas as vezes que ouve a música “Evidências” e passa a ressignificar os momentos de brigas com a sua ex-namorada, Laura (Sandy Leah).

Evidências do Amor entra em cartaz nos cinemas após uma campanha de marketing que beira o desastre, pois em todos os materiais de divulgação a sensação é de profunda vergonha alheia, onde foram selecionadas as piores piadas do filme, dando a entender que o longa seria uma bomba de proporções colossais.

O que se encontra aqui, porém é um filme muito menos ofensivo do que se esperava, que mesmo com os cacoetes da filmografia de Porchat sustenta alguns bons momentos. Dentre esses cacoetes estão coisas mais bobas como o excesso de palavrões sem necessidade e piadas sexuais que nem os adolescentes fazem, até coisas que incomodam de verdade, como as atuações muito fora de tom e as ideias que são boas, mas que não sustentam todos os longos 106 minutos, e se esticam mais do que deveriam, várias vezes.

(Foto: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

O filme é divertido principalmente quando tem em tela a presença de Evelyn Castro, amiga de Marco e faz-tudo do prédio em que ele mora. Com ela, há um resumo muito interessante da comédia no filme, que traz piadas muito boas, mas ao mesmo tempo tem momentos fora do tom que chegam a constranger um pouco. Já a atuação de Porchat é a mesma de sempre, com berros e gesticulação exagerada, o completo oposto de Sandy, que soa letárgica o filme inteiro e mesmo nas cenas mais solares ainda parece travada.

Com a exceção de uma cena no fim do filme, o drama é bem descartável, não sabendo muito bem como fazer para mostrar alguém que se conforma com a dor e nem como pode desenvolver uma volta do casal principal. Em vários momentos Marco pede para Julia realizar algo, mas quando essa ação é feita o protagonista volta a pedir tempo para explicar e argumentar mais motivos para eles ficarem juntos. Nessa dinâmica o filme se enrola muito mais do que deveria e chega a cansar em alguns momentos.

É claro que a música que ilustra o título é tocada muito ao longo do filme, mas ela é tão boa que quando é finalmente interpretada por Chitãozinho & Xororó é possível lembrar o quão energizante é essa canção. Claro que há uma saturação originada pelos millenials, que transformaram essa música no sinônimo de gente forçada que só sabe falar em boletos e tomar litrão.

(Foto: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

O saldo final de Evidências do Amor é menos pior que o que se esperava, mas que ainda carrega vícios de um movimento muito específico do cinema nacional cujo qual eu chamo de “portadosfundização” da comédia, presente em todos os filmes que tem algum dos membros fundadores do canal Porta dos Fundos. Até fazem rir, mas funcionam melhor quando duram três minutos.

Confira o trailer oficial do filme: