segunda-feira, 29 de abril de 2024

O DUBLÊ - um bom jeito de fazer lobby | CRÍTICA


Nova aventura diverte ao unir homenagens aos dublês e trazer auto-paródia de Hollywood.

O Dublê conta a história de Colt Seavers (Ryan Gosling), dublê da maior estrela de Hollywood, Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson), enquanto é apaixonado pela operadora de câmera Jody Moreno (Emily Blunt). Após um grave acidente, Seavers se aposenta da profissão, mas é chamado novamente quando o astro desaparece na Austrália.

É importante ressaltar que, durante a última década, os diretores David Leitch e Chad Stahelski (ambos ex-dublês) revolucionaram o cinema de ação de Hollywood e foram as duas figuras mais influentes desse gênero. Ao darem início a franquia John Wick, os dois mostraram um formato de filmar ação valorizando enquadramentos que foquem na estrela e evitem tantos cortes, como foi o padrão desde o sucesso da franquia Bourne.


(© Universal /Divulgação)


Enquanto Stahelski permaneceu com John Wick, Leitch decidiu usar seu prestígio para explorar novos horizontes, se tornando uma grande mão de obra dos estúdios para depois assumir projetos que parecem muito terem sido desenvolvidos sob medida para ele. Atômica e Trem-bala foram hits de ação e consolidaram ainda mais o nome de Leitch.

O que tudo indica é que tudo convergiu para O Dublê, filme que não se furta em se vender como uma grande homenagem aos dublês em um momento que há um grande lobby para que a categoria de melhor performance de dublês seja introduzida no Oscar.

A trama é muito mais complexa do que deveria e em alguns momentos quase vira o fio, mas ao final não incomoda, mesmo com vilões de nível Hannah Barbera de maldade, porém ela é uma construção artificial ideal para que o filme entregue várias sequências de ação e se vanglorie de seus feitos.

Em todo o marketing que circundou o filme foi dito sobre o recorde mundial de mais capotagens consecutivas e o filme se aproveita disso, mostrando de vários ângulos diferentes as suas grandes setpieces.

(© Universal/Divulgação)


Não há grandes pretensões em reformular o que já está estabelecido no cinema de ação, como Leitch já fez anteriormente, mas aqui há uma sensação de autoconhecimento que diverte e parece que a cada grande feito o filme quase faz uma pausa para falar "viu só o que nós fizemos?". Ao mesmo tempo, o texto é recheado de piadas referenciando o cinema de ação hollywoodiano se valendo do grande talento cômico de Ryan Gosling, que está muito engraçado. Diferente de Trem-bala, onde o timing cômico não funciona e tudo soa muito forçado, aqui ainda sobram algumas piadas meio deslocadas, porém o casal principal segura muito bem as pontas e não deixa com que o filme se perca em meio a sua autoconsciência.

Os créditos finais mostram como as cenas foram feitas e como os dublês permitiram que tudo fosse realizado, deixando claro que o maior objetivo do filme era criar uma carta de homenagem para a classe. Em um filme mais sisudo isso poderia parecer super egocêntrico ao reforçar o tempo todo o esmero técnico daqueles profissionais, porém em um filme tão leve e gostoso de se assistir isso não importa muito.

Confira o trailer abaixo:



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