Produção nacional traz muito esmero para tentar driblar
as dificuldades de se produzir um épico nacional, mas acaba ficando no meio do caminho.
O filme conta a ascensão de Jorge (Alexandre Machafer), um
soldado cristão que é obrigado a perseguir membros da sua própria religião para
cumprir as ordens do Imperador Dioclécio (Roberto Bontempo). Por meio de sua
resistência, Jorge se torna um símbolo de resiliência aos cristãos da região da
Capadócia, atual Turquia.
Em um primeiro momento, Jorge da Capadócia impressiona
pelas locações, produção e até mesmo os primeiros efeitos especiais do Dragão.
Porém conforme o filme se desenvolve é nítido que a produção extrai o máximo
que pode para um orçamento limitado, que aqui é muito menos um demérito para a
obra e mais uma forma de contar muito com pouco.
(© Paris Filmes/Divulgação) |
Lembrando um pouco a recente explosão de filmes religiosos produzidos pela Record, o filme explora contornos de violência de maneira muito mais corajosa que qualquer produção novelesca e pode-se afirmar que é superior em aspectos como texto e fotografia. Roteiro que é um ponto positivo da obra, que apesar de optar por diálogos rebuscados, que afetam de forma negativa as atuações, mas ao mesmo tempo abraça o lado teatral dela e soa muito como uma tentativa de espetáculo para a vivência do santo.
Jorge da Capadócia é, portanto, um filme religioso, no bom
e no mal sentido, pois traz consigo uma estética que é perfeita aos devotos da
figura, porém encontra um teto criativo que não permite que o material não se
dispa da história original para poder andar com as próprias pernas. Aqui o
impacto direto está presente em cenas que beiram o cafona, mas que vão abrir
sorrisos nos já conquistados fiéis do santo. Um aspecto interessante é que
durante o filme não há menção que flerte com o sincretismo religioso, mas nos
créditos as músicas e locais mostrados deixam claro a potência e o dualismo de
Jorge e Ogum.
No trailer as cenas com o dragão são impressionantes para
os padrões do cinema nacional e isso aparece em tela nos primeiros minutos, mas
conforme o filme passa é possível ver que o orçamento deu conta de uma parcela
bem realizada, mas no final se percebe que nem com o maior esmero do mundo pode
construir personagens digitais sem muita grana.
É importante reconhecer o trabalho de Machafer, que dirige,
atua e produz o longa, independente do gosto pessoal pela obra. Mesmo realizado
em um cenário de reaquecimento do mercado, esse filme não tem financiamento
público e torço para que faça uma boa bilheteria nos cinemas.
(© Paris Filmes/Divulgação) |
Com cacoetes que são intrínsecos ao sub-gênero de filmes religiosos, esse aqui ainda soa mais independente e com pontuações na narrativa perfeitas para discussão, mas que o impedem de alçar voos maiores.
Em certa dose, superior aos filmes da Record, mas com
aquela sensação de mais do mesmo que ainda pairam sobre filmes assim.
Confira o trailer:
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