terça-feira, 20 de junho de 2023

O Estranho | CRÍTICA (12º Olhar de Cinema)


O nome do maior aeroporto do Brasil, Guarulhos, faz referência ao fato de ter sido construído em território indígena. Em uma mistura de cenas realistas e estilizadas, o filme segue um membro da equipe de solo enquanto ela busca suas raízes sob a passarela.

Em O Estranho, temos uma montagem inicial que mostra como era Guarulhos através dos séculos de colonização do Brasil, de forma que possamos compreender a importância da mata atlântica regional para a construção de identidades e linhagens que o ambiente abriga. Uma pena que isso nunca mais é retomado ao longo do filme.

O que se sucede é acompanhar uma família em construção que perpassa sua vida ao redor do aeroporto de Guarulhos, um dos maiores do país, mostrando a logística dos trabalhadores e como funciona um ambiente tão gigante. Porém a família não é desenvolvida, você não sabe nada sobre o casal feminino e nem sobre seus familiares, somente se apoiando no carisma das atuações, que ora funcionam com as protagonistas e ora não funcionam em nada com os coadjuvantes.

Em dado momento há uma quebra brutal de narrativa, mudando até o gênero do filme e utilizando planos nada inventivos para inserir isso na trama, bem como as críticas rasas para o despejo de milhares de famílias em prol da construção do aeroporto.

Talvez o filme tenha muito mais camadas que queira abraçar do que realmente possa sustentar em tela, mas isso só reforça um emaranhado de histórias que estavam para ser contadas e no fim não havia um fio condutor para elas.


Filme integrante da Mostra Competitiva Nacional do 12º Olhar de Cinema.

 

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