quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Chacrinha - O Velho Guerreiro | CRÍTICA


Falecido há trinta anos, Chacrinha deixou um tremendo legado de como se fazer um programa de auditório de forte apelo popular que vinga até hoje como fórmula para outros apresentadores cativarem as audiências pelo país no disputado horário nobre. Seu figurino brega, sua voz rouca e bordões grudentos estão no imaginário popular até mesmo nas gerações que jamais viram um programa sequer do "Velho Guerreiro" muito por conta das homenagens prestadas pela Rede Globo ao longo de sua programação resgatando chacretes e demais artistas alçados à fama graças ao apresentador que, por fim, ganha um filme biográfico para chamar de seu.

A década é de 1980. Talvez um dos períodos mais apelativos da televisão brasileira, Chacrinha está cansado da mesmice do formato de seu programa e decide apostar em algo totalmente inusitado: "chama" uma mãe-de-santo e, sob luzes avermelhadas, transforma seu auditório em um completo terreiro televisionado para o desgosto de Boni, um dos (poderosos) diretores gerais da Globo naquela ocasião. Estupefato com a queda de seu programa, o lendário apresentador se demite da emissora depois de anos em frente às câmeras e é a partir deste momento que o roteiro de Claudio Paiva (A Mulher Invisível) nos guia pelo passado da carreira de Abelardo Barbosa quando este desembarca no Rio de Janeiro e tenta a sorte nas rádios em plena década de 40, a origem de seus bordões, amores, famílias e excessos.

(© Suzanna Tierrie - Paris Filmes/Divulgação)

Dirigido por Andrucha Waddington (Os Penetras), que demonstra uma ótima dinâmica com a câmera, Chacrinha - O Velho Guerreiro segue à risca a fórmula que ficou marcada em cinebiografias nacionais que, felizmente, Bingo: O Rei das Manhãs conseguiu se desvencilhar com maestria. Aqui, os eventos marcantes de Abelardo/Chacrinha são contados sem lá muita importância narrativa, apenas demarcando os pontos altos e baixos do apresentador na vida artística e pessoal. Típica produção da Globo Filmes, é digno mencionar o cuidadoso trabalho na contextualização dos cenários e demais espaços, tal como é divertido ver as versões de artistas que passaram no palco do Chacrinha, de Sidney Magal a Clara Nunes. A exceção fica por conta da participação de Luan Santana cantando "Apenas um rapaz latino-americano" em um show de cidade pequena.

(© Suzanna Tierrie - Paris Filmes/Divulgação)

Contando com uma performance cativante de Eduardo Sterblich como Abelardo pelas ruas boêmias da capital carioca e, posteriormente, com Stepan Nercesian reencarnando o icônico apresentador agora no cinema, além da carismática interpretação de Gianne Albertoni como uma sorridente Elke Maravilha (os figurinos e cabelos são outro capricho a parte da produção), Chacrinha - O Velho Guerreiro parece uma cinebiografia bastante honesta com a trajetória da figura popular que reinou na TV brasileira, embora não traga nada mais de especial. Comum como um típico programa de domingo.




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