domingo, 19 de abril de 2015

O Dançarino do Deserto | CRÍTICA


Desde a Revolução Islâmica, a dança (e aparentemente outros costumes culturais) foi banida de ser praticada em público. Tal repreensão levou diversos artistas tanto para o exílio como para a depressão, mas essa vontade de se expressar com o corpo jamais seria esquecida, ainda mais num específico momento recente da história do Irã.


O ano é 2009 e Afsheen Ghaffarian (Reece Ritchie) vai para Teerã iniciar seus estudos na universidade. É lá que o rapaz conhece Ardavan (Tom Cullen), um aspirante a artista que apresenta Afsheen a outros amigos também apaixonados por artes, assim como descobre novas inspirações na dança, além da famosa coreografia de Dirty Dancing que apresentara certa vez no colégio ainda criança – e também sua primeira advertência. Coincidências a parte, as ruas de Teerã são ocupadas por várias pessoas manifestando seu apoio a Mussavi, o mais forte candidato à presidência contra a releição de Ahmadinejad. Ardavan reconhece aí o momento exato para tornar os ensaios de Afsheen num verdadeiro espetáculo de dança aberto ao povo.



O Dançarino do Deserto (Desert Dancer) peca, no entanto, em trazer fracos dramas paralelos que muitas vezes custam caro à narrativa. Por mais que utilize Elaheh, a personagem de Freida Pinto (Quem Quer Ser Um Milionário?), como um interesse amoroso ao protagonista, o diretor Richard Raymond explora apenas superficialmente o drama da dançarina com histórico depressivo. Tudo é tratado com diálogos e atuações pouco memoráveis (ainda que haja esforços por parte do elenco), salvo Ritchie que tem tudo para ser cotado numa futura cinebiografia de Michael Jackson. 

O ápice do filme vem com a magnífica performance executada pelo grupo, ainda mais tão bem editada com uma montagem paralela. A partir daí, O Dançarino do Deserto cresce e tece algumas denúncias que 118 Dias, outra biopic situada na mesma circunstância, pouco chegou a contar. Ainda assim, parece faltar mais danças e o título parece tímido e fica na estrutura convencional (e já batida) dos filmes biográficos, pouco se arriscando e se inspirando em seu personagem real.





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