quarta-feira, 1 de abril de 2015

O Ano Mais Violento | CRÍTICA


Em tempos de crise, parece ser difícil se manter na linha e fazer o que é certo. Quando o índice de violência pareceu atingir seu ápice em 1981 em Nova York, as dificuldades financeiras vieram em consequência e um empresário, de origem latina e que prosperou na vida, tenta alavancar seu negócio nesses tempos sombrios – aparentemente enfadonhos e pouco violentos.


Abel Morales (Oscar Isaac) é mais um daqueles que realmente acreditam no "sonho americano" e, diferente da maioria de seus conterrâneos, venceu na vida: tornou-se dono de uma empresa distribuidora de óleo de aquecimento, é casado e pai de três filhas, acaba de se mudar para um casarão e agora visa expandir seus negócios tentando adquirir um estratégico lote de uma família judia. No entanto, um promotor de justiça (David Oyelowo) está no encalço da contabilidade da empresa e um dos funcionários, o também latino Julian (Elyes Gabel), fica seriamente ferido quando dois assaltantes levam um dos caminhões de abastecimento em pleno trânsito, gesto que se repete em outras incidências. Para completar, Anna (Jessica Chastain) não fica parada esperando o marido resolver os impasses, mostrando que sua beleza não a torna uma mulher frágil e nem um pouco inocente.



Escrito e dirigido por J. C. Chandor, acompanhamos Abel em uma desolada e fria Nova York, por mais que os feixes dourados da luz do sol na fotografia de Bradford Young (Selma - Uma Luta Pela Igualdade) ressaltem um quê de esperança no meio de barracões abandonados. O empresário tenta desvendar o mistério dos roubos das cargas e corre atrás do tempo e de possíveis credores para juntar 1,5 milhão de dólares para fechar negócio, mas tudo isso parece longe de acontecer, mesmo quando, durante um jantar com banqueiros, o decote de Anna parece seduzir um dos homens, mas nada acontece além disso. Grande parte das cenas, ações e diálogos soam gratuitos, soltos, muitas vezes não levando a lugar algum, o que, consequentemente, faz com que o filme pareça ser mais longo do que é.

Por mais que obras contemporâneas como Breaking Bad e até o próprio cinema de Martin Scorsese revelem personagens de bem que acabam se corrompendo para ter dinheiro fácil, não há nenhum mal aqui em ter um protagonista que tenta agir corretamente, mas sim quando passa dois terços da narrativa em uma aborrecível passividade e entrega a Julian uma trajetória questionável e senão estereotipada. Até uma montagem paralela bem executada, lá pela metade do filme, é desperdiçada por pouco dar ligação ao que se sucede.



Guardando o melhor (ainda que pouco!), O Ano Mais Violento (A Most Violent Year) fica devendo aquilo que o título vende, deixando de lado os verdadeiros atos de violência na cidade, relatados esporadicamente num rádio. Nem sequer dá pra inclui-lo como um filme de gangster.




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