quarta-feira, 29 de abril de 2015

Noite Sem Fim | CRÍTICA


Depois de um êxito surpreendente protagonizando agressivos filmes de ação recentes, Liam Neeson sem dúvidas ocupa o posto que um dia já pertenceu a Nicolas Cage ou a outros atores com seus personagens de tiro certeiro e poucas coisas pra falar. Noite Sem Fim (Run All Night), contrariando um estigma, está mais para um drama de reconciliação entre pai e filho do que tiros e perseguições a todo o momento.


Época de Natal e Jimmy Conlon (Neeson) está na amargura, é alcoólatra e precisa de dinheiro para consertar seu aquecedor, indo ao encontro de Danny Maguire (Boyd Holbrook), filho de seu amigo de longa-data Shawn (Ed Harris), que o obriga a se vestir de Papai Noel na vindoura cerimônia em troca dos oitocentos dólares. Danny parece querer assumir os negócios (controversos) do pai e tem em mãos um lote possivelmente lucrativo de heroína fornecido por traficantes albaneses, que contrataram o serviço de limusine de Michael Conlon (Joel Kinnaman), um pai de família e professor de boxe, além de negar a existência do pai. Jimmy sempre foi distante da família (algo que Michael faz de tudo para não ser), tendo uma lista considerável de mortes na sua conta e todas elas a pedido de Shawn, um mafioso irlandês cujo poderio nos subúrbios de Nova York fez com que seu amigo, chamado de O Coveiro pelo detetive Harding (Vincent D'Onofrio), fosse absolvido de seus crimes.



É com bastante previsibilidade e pistas que o roteiro de Brad Ingelsby e a direção de Jaume Collet-Serra se desenrolam a partir do momento em que Michael está numa enrascada e seu pai encontra, então, uma oportunidade de reconciliação com seu filho. Cada sequência é montada com o intuito de ser um desafio cada vez maior a pai e filho, a polícia faz uma operação gradualmente estrondosa, fazendo até mesmo uma evacuação de um prédio residencial, Shawn contatando um caricato vilão (Common), não poupando ao falar que, para matar Jimmy, faria até de graça. Não o bastante, até mesmo o recém-reatado laço entre pai e filho fica comprometido quando Michael descobre mais coisas sobre o passado nada exemplar de Jimmy, não hesitando em dizer para a filha que o homem, em meio a chuva, é "ninguém".




O que faz valer o filme, tirando alguns furos na história, como uma britadeira ligada em pleno centro de Nova York (não era noite de Natal?), as cenas de ação, sonorizadas com a potente (mas reciclável) trilha de Junkie XL, são bem conduzidas pela direção e montagem, beneficiada pela agilidade dos atores, ainda que Joel Kinnaman fique em segundo plano para dar espaço à linha fria e dura de Liam Neeson, conseguindo ainda mostrar seu lado dramático em uma respeitável e até camarada relação com o veterano Ed Harris, outro que não se esqueceu de puxar o gatilho. Seguindo as estruturas convencionais e pouco arriscando sair desse caminho, Noite Sem Fim é uma corrida cheia de obstáculos incialmente difíceis e previsíveis.



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