TUESDAY: O ÚLTIMO ABRAÇO – pra entender o adeus | CRÍTICA

 

Parte inevitável da vida, o luto é comumente visto em nossas crenças ocidentais como um período de tristeza que se estende por (ocasionalmente) cinco estágios que vão da negação, raiva, barganha, depressão até culminar na aceitação do ocorrido, ainda que, como vemos em Tuesday: O Último Abraço, todo esse processo pode se dar antes mesmo da morte de um ente querido - e como muitas pessoas desejariam ter a oportunidade de adiar ao máximo essa dolorosa fase.

Escrito pela diretora Daina Oniunas-Pusic, o drama aposta no realismo mágico para dialogar com a temática a partir do retrato de uma mãe, Zora (Julia Louis-Dreyfus), em completa negação com a morte iminente da filha, Tuesday (Lola Petticrew), que recebe cuidados diários de uma enfermeira (a oitava, de acordo com o identificador de chamadas no celular) enquanto a mulher trata de passar o máximo de horas possível longe de casa e, assim, evitar o confronto com a realidade. Mas quando Tuesday recebe a visita de um pássaro moribundo, paira uma chance de sobrevida... ou, pelo menos, de aproximar mãe e filha antes do fim.

(© A24/Divulgação)

Longe de ser um projeto de grande orçamento, Tuesday sofre com alguns deméritos no que tange a seus efeitos visuais de seu personagem fantástico e até o tempo de tela inicial de Julia Louis-Dreyfus parece deslocado na montagem ao investir em piadinhas aleatórias. Entretanto, pouco a pouco, o filme vai conquistando a atenção quando acompanhamos o ponto de vista de Tuesday e suas trocas com a enfermeira Billie (Leah Harvey) e, principalmente, a Morte em forma de arara (voz de Arinzé Kene).

Se as fusões de cenas cativaram meu interesse pela narrativa a partir de suas composições fascinantes de elementos, os desdobramentos da narrativa, por sua vez, se dedicam a apenas sugerir o que acontece externamente ao núcleo da família à parte de algumas passagens que tratam de solucionar os problemas dignos de um filme de terror então mencionados. No fim, Tuesday é um programa para sair da sessão e levantar reflexões contundentes ao drama representado.