quarta-feira, 27 de março de 2024

O HOMEM DOS SONHOS – só na promessa | CRÍTICA



A combinação era fantástica: Nicolas Cage (em sua contínua fase de auto-aceitação como meme) em uma trama sinistra produzida por Ari Aster (uma das mentes mais cultuadas da última década por conta de Hereditário e Midsommar) e reunidos sob o selo da A24, a produtora queridinha do momento pelos cinéfilos. A premissa também era potencial: como e por que um professor universitário foi parar nos sonhos de pessoas que jamais o encontraram presencialmente? 


Chega a ser difícil entender o que houve de errado com O Homem dos Sonhos, em uma análise dos fatos. Dirigido por Kristoffer Borgli, Dream Scenario (título original) tem uma atmosfera bastante convidativa em seu primeiro terço: Cage, como na maioria das vezes, se porta carismático e dá corda para essa história maluca que, a julgar pelo núcleo acadêmico do protagonista, não se cansa de mostrar as consequências ao invés de denotar os objetivos gerais do problema. 


(© A24/California Filmes/Divulgação)

Pessoas têm sonhos bizarros; outras, "apimentados" e até agressivos. Nesse quesito, a montagem se destaca em trazer os pontos de vistas dos sonhos com configurações de luzes que contrastam com aqueles da dita realidade entre cortes rápidos com efeitos visuais convincentes para a proposta. Por outro lado, o bom humor ocasional do texto de Borgli trata toda a situação de forma descontraída, mas é também em seu descompromisso em abraçar a ficção científica (apesar das reiterações do personagem em querer publicar um livro sobre inteligência coletiva das formigas) ou se aventurar em suspense psicológico complexo que o clímax se torna banal tipo episódio de Black Mirror falando sobre cancelamento.


(© A24/California Filmes/Divulgação)

É de se esperar que coaches do LinkedIn venham a recomendar O Homem dos Sonhos para ilustrar seu argumento de que pensamentos negativos sempre atrairão coisas ruins.



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