quarta-feira, 12 de abril de 2023

DUNGEONS & DRAGONS: HONRA ENTRE LADRÕES… e a quem bem se interessar | CRÍTICA

 

É verdade que a franquia Dungeons & Dragons pode parecer um convite pouco tentador se formos considerar a pressuposta complexidade do RPG de mesa que diverte gerações de nerds “raiz” por décadas ou se lembrarmos que o antigo (e jamais concluído) desenho Caverna do Dragão foi reprisado à exaustão por anos na televisão – apesar do apreço que muitos brasileiros têm a ponto de surtarem com a nostalgia proporcionada pela Renault quando utilizara os personagens para um comercial de carro. Com tanta fantasia produzida com relativa destreza nas telas por todo esse tempo desde que a infame adaptação em filme foi lançada em 2000, ver D&D no cinema parecia uma campanha quase que impossível, mas não é que a jornada desta vez deu muito certo?


Dungeons & Dragons: Honra Entre Ladrões parece ter aprendido muito bem com obras recentes da cultura pop que tanto lhe homenagearam enquanto seu roteiro e produção eram apenas uma promessa. Várias vezes as séries Stranger Things e The Big Bang Theory (em seu ápice) encenaram jogadas hilárias de D&D enquanto o desenho Hora de Aventura referenciava vários de seus elementos de jogo para movimentar as jornadas de Finn e Jake levando em conta o fascínio por toda essa fantasia tão ampla e divertida. A trama escrita por Jonathan Goldstein, John Francis Daley (Homem-Aranha: De Volta Ao Lar) e Michael Gilio reivindica para si esse sentimento de leveza similar ao da animação da Cartoon Network que o gênero estava há muito precisando após tantas batalhas épicas (ou nem perto disso) contra lordes das trevas e sufocantes conspirações sangrentas e políticas entre reinados, preenchendo cada minuto de filme com muita magia, artefatos poderosos, seres fantásticos e muitas aventuras que não há como se desinteressar do que se vê na tela.


(© Paramount Pictures/Divulgação)

Com tanto bom humor e aventura empregados, há quem pode sentir falta da grandiloquência típica de um O Senhor dos Anéis ou até mesmo de Star Wars, o qual D&D mais se aproxima em questão de tom de humor. No entanto, a dupla de diretores Jonathan Goldstein e John Francis Daley (ambos do divertido A Noite do Jogo) concentram-se no dinamismo veloz do seu elenco capitaneado por Chris Pine vivendo o bardo Edgin entre tantas missões de assalto seja em torres ou em cavernas, fazendo uma igualmente dinâmica operação de câmera que ressaltam pontos de vista e perspectivas inusitadas. Em terreno onde nem todos os efeitos visuais são um primor, sobressaltam artimanhas cinematográficas e maquiagens protéticas convincentes como a boa fantasia demanda. 

 

O drama familiar pode até ser uma das fraquezas do longa, mas somos devidamente recompensados pela força bárbara de Michelle Rodriguez e um Regé-Jean Page muito ao pé da letra. No entanto, quem mais parece se divertir aqui é Hugh Grant, esbanjando sorrisos.


(© Paramount Pictures/Divulgação)

 

Entre tantos personagens divertidos que funcionam (a minha favorita seria Doric, a druida interpretada por Sophia Lillis) e uma mitologia que só aguça a nossa vontade em conhecer mais (...ou, no meu caso, de se arrepender de não ter conhecido antes) além dos Easter eggs maravilhosos, penso que Dungeons & Dragons: Honra Entre Ladrões (Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves) é, ainda que propriedade da gigante Hasbro e não uma obra original que vingou seu espaço no circuito, um ótimo respiro para o cinema fantástico justamente por seu caráter descompromissado, o que não significa que seja um produto descartável onde só se espera por cenas pós-créditos.





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