terça-feira, 4 de abril de 2023

AIR: A HISTÓRIA POR TRÁS DO LOGO – um tênis para Jordan | CRÍTICA




Filme que traz os bastidores da negociação da Nike com Michael Jordan vai além da propaganda e do product placement para apresentar narrativa sólida e envolvente.


Quando anunciaram que iriam fazer um filme sobre a origem do Air Jordan, muita gente torceu o nariz, alegando que Hollywood perdeu completamente a mão ao se render para uma propaganda tão escancarada como essa. Porém o anúncio e as reações iniciais me lembraram um filme que hoje já ganha contornos de clássico moderno: A Rede Social. Um filme sobre o Facebook é tão ou mais maluco que um filme sobre uma marca de tênis, porém os dois casos trazem boas direções e texto muito surpreendentes.

A Rede Social foi o ponto de consolidação da carreira de Aaron Sorkin e Air pode ser o start perfeito para a carreira do roteirista Alex Convery e a retomada perfeita da carreira de diretor de Ben Affleck, que  após um início meteórico com os filmaços Atração Perigosa e Argo teve um fracasso de bilheteria com A Lei da Noite (que eu particularmente gosto) e a imagem muito desgastada após as negociações fracassadas com a produção de The Batman.


A comparação com Sorkin pairou sobre a minha cabeça para além do paralelo entre A Rede Social e Air, mas também foi em Moneyball e, acima de tudo, pela qualidade dos diálogos, que sustentam todo o filme. A edição possibilita uma agilidade maior e uma dinâmica mais arrojada para a narrativa, que se assemelha também com uma assinatura de Adam Mckay em Succession.

A trama gira em torno do deficitário setor de basquete da Nike, que vê a Converse dominar o mercado e a Adidas tomar conta das ruas com o estilo hip hop de grupos como Run-D.M.C. Porém a esperança de todo o setor é depositada em um calouro chamado Michael Jordan.

O filme é um deleite para quem gosta de basquete dos anos 90 e traz várias piadas onde o contexto atual dá um tom irônico e debochado, bem como os momentos em que Michael aparece no filme, sem mostrar o rosto em nenhum momento, tratado quase como uma divindade.

Além de tecnicamente muito bom o filme conta com um elenco muito bem escolhido. Chris Tucker e Marlon Wayans entregam as suas melhores performances em um bom tempo. Viola Davis é incrível como sempre e a dupla de produtores Matt Damon e Ben Affleck estão afinados para o que o papel pede.

Em alguns momentos, o tom de propaganda parece estremecido, pois são mostradas muitas falhas internas da Nike, mas acima de tudo os concorrentes são vilões caricatos. Talvez a Adidas não goste muito das piadas que associam a marca ao nazismo.



O final é apoteótico e coloca Jordan em um patamar acima da humanidade, porém ao entender o impacto de Jordan para a Nike talvez eles acreditem que o Black Jesus (apelido que Michael Jordan deu para si mesmo durante um jogo) é real.


Confira o trailer:



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