quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Doentes de Amor | CRÍTICA


Kumail Nanjiani talvez seja um dos atores cômicos que mais cresceu na mídia americana na última década, pulando de pequenas aparições em programas, filmes e séries até alcançar o estrelato com o seriado Silicon Valley na HBO, demonstrando um bom humor sem largar seu autêntico jeito nerd. O que o grande público desconhecia até agora, com este simpático Doentes de Amor (The Big Sick), é que o paquistanês e sua esposa são donos de uma adorável história de amor que caiu como uma luva nas mãos do experiente produtor Judd Apatow.

Escrito pelo próprio Nanjiani em parceria com a esposa, Emily V. Gordon, e com direção de Michael Showalter (Redescobrindo o Amor), Doentes de Amor remonta aos tempos onde Kumail tentava se sagrar como comediante stand-up em Chicago e também onde conheceu Emily (interpretada por Zoe Kazan, de Será Que?) que, na melhor das intenções, decidiu fazer coro para ele na plateia. Da conversa galante no bar, pintava aí uma relação um tanto quanto reticente e que jamais terminou nos primeiros encontros, pelo contrário, se estendeu até o clássico momento onde o namorado só adiava apresentar a moça para a família. O que Kumail estava escondendo aí? Só o fato de que sua mãe há tempos estava arranjando um casamento para ele com uma conterrânea (entre inúmeras candidatas) e que namorar uma americana não só era impensável como próximo de expulsá-lo da família. No entanto, Kumail está disposto a provar que seu amor é mais forte do que qualquer doença ou demais tradições religiosas.


Isento de uma fotografia rebuscada e aplicando seu forte no roteiro que adapta os eventos reais em prol de uma narrativa moderadamente afetada (quem não resiste a tensão dos dramas médicos?), o filme nos conquista com suas atuações dedicadas que só tendem a aumentar a partir do momento em que Holly Hunter e Ray Romano (que fazem os pais de Emily) entram em cena e fazem performances excelentes ao complementarem a personalidade da radiante filha, o que não ofusca em nada o trabalho mais dramático do que cômico de Kumail, apesar de ele conhecer essa história de cor e salteado. Ademais, o protagonista também utiliza a parcela ficcional da narrativa para expor o preconceito ainda vigente com a comunidade muçulmana e que não há mal nenhum em ser parte dela e não seguir com os seus velhos dogmas.

Enquanto um divertido retrato dos bastidores de stand-up comedies e uma potencial biopic mirando nas premiações do cinema indie, Doentes de Amor é uma escolha pra lá de agradável para assistir com a pessoa amada e necessário para esses tempos conturbados da América.




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