quarta-feira, 11 de outubro de 2017

A Morte Te Dá Parabéns | CRÍTICA


Que a manipulação do tempo é um dos artifícios que mais se repetem no cinema (e, por que não, na televisão?), exemplos é o que não faltam evidenciando o sucesso de várias franquias da cultura pop que se batem na tecla das viagens ou loops temporais, afinal, testemunhar uma personagem detendo o poder de reverter e/ou prevenir atos futuros corrigindo o passado é um sonho de consumo de qualquer mortal que já sonhou em ter uma vida com menos percalços. Ainda que a maior parte daquelas narrativas não se contenha com finais tão felizes assim, é inegável que o processo imaginativo por trás de tudo isso continua tão divertido quanto qualquer um dos pioneiros e A Morte Te Dá Parabéns, embora mais inclinado à futilidade ao invés do que ser uma obra reflexiva, é garantia de entretenimento para o público aficionado por um suspense descompromissado.

Numa certa manhã, ao som de uma chamada em seu iPhone, Teresa (Jessica Rothe) acorda na cama do garoto Carter (Israel Broussard) após uma noite de bebedeiras e consecutivos vexames. Constrangida, Tree (para os/as mais chegados/as) passa a destratar qualquer pessoa pela frente até chegar a sua república de garotas recatadas, até sua colega de quarto ser uma das únicas a lembrar de seu aniversário, uma vez que até a própria Tree evita lembrar da data por razões particulares. De uma série de desventuras que a moça passa durante o dia, ela só não esperava que fosse esfaqueada durante o caminho para mais uma festa universitária e que a morte mesmo resultaria acordar na mesma manhã do seu aniversário e com os mesmos padrões ressurgindo até ela percebê-los e se engajar na busca e confronto de seu mascarado assassino.



Abusando de repetições sem cessar, ainda que o roteiro ofereça mudanças nas falas, de cenários e que a câmera se empenhe em registrar as ações em enquadramentos diferentes, o diretor Christopher Landon (do besteirol Como Sobreviver A Um Ataque Zumbi) rege um típico filme de universitários americanos abastados, apesar de que o maior terror para as garotas agora é ingerir qualquer alimento rico em carboidrato e/ou com glúten. No entanto, para quem espera uma trama pra lá de sobrenatural como os títulos da produtora Blumhouse são conhecidos, pode se decepcionar um pouco com o andamento repetitivo e a histérica atuação proposital de Rothe, que revela ser uma protagonista carismática. Como um todo, o filme se empenha na prática das propriedades do suspense com o seu nada complicado estratagema de pistas e, dessa forma, apesar de que ver Tree acordando pela enésima comprova a finitude da paciência, a condução e a resolução da história são suficientemente cômicas para quem não espera um thriller dirigido por David Fincher.

Afora as motivações um tanto quanto cafonas da pessoa mascarada e da subtrama familiar explorada com pouco caso, Happy Death Day (no original) é engraçado justamente por ser despretensioso e por seus momentos deliciosamente bobinhos. Já para aqueles que buscam mais emoção ou até uma opção mais cult no gênero, nada que Um Feitiço No Tempo possa resolver essa situação.



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