Desde seus primeiros anos de carreira, Stephen King já chamava a atenção de Hollywood com seus potenciais livros de suspense, de terror e de ficção científica que não tardaram em serem adaptados para o cinema por talentosos diretores que não apenas somaram com sua inigualáveis estéticas como alçaram os filmes a clássicos consagrados. Entre décadas de novos lançamentos nas prateleiras, o universo literário do autor resistiu a modismos e fenômenos de best-sellers enquanto suas obras ganhavam produções inéditas ou remakes prontos para os fãs botarem defeito ao passo em que uma de suas obras mais ambiciosas, conhecida como a série "A Torre Negra", por anos encontrou impasses para a sua greenlit e era comumente taxada de inadaptável tanto por executivos, como pelo próprio escritor.
Depois de os direitos da obra terem passado pelas mãos de J.J. Abrams e Damon Lindelof (responsáveis pela série Lost na época), daí para Ron Howard e para o roteirista Akiva Goldsman, ainda parece irreal o fato de que A Torre Negra encontrou seu caminho nos cinemas e mantém seus planos para emigrar para uma série televisiva. Para a Sony Pictures, Goldsman (Transformers: O Último Cavaleiro, O Chamado 3) e os co-roteiristas Jeff Pinkner (A 5ª Onda, O Espetacular Homem-Aranha 2), Anders Thomas Jensen (Entre Irmãos), além do diretor Nikolaj Arcel (da versão sueca de Os Homens Que Não Amavam As Mulheres) parecia necessário chegar a um consenso a favor de uma narrativa compreensível e interessante o suficiente ao público e, o mais importante, com um orçamento nada estrondoso. A partir daí, a solução era cortar praticamente todo o misticismo, a mitologia atemporal e os incidentes espaçados comuns entre os sete volumes visando uma história que vai direto ao ponto e privilegia a ação acima de tudo, sem se esquecer de trazer os elementos cruciais do primeiro livro, seus personagens e até mesmo referências a demais filmes baseados nas obras do autor, como O Iluminado, IT, Christine entre outros detalhes que, inseridos discretamente ou não, frisam que tudo o que foi escrito por Stephen King pertence ao mesmo universo interligado pela Torre Negra no vasto Mundo Médio.
Depois de os direitos da obra terem passado pelas mãos de J.J. Abrams e Damon Lindelof (responsáveis pela série Lost na época), daí para Ron Howard e para o roteirista Akiva Goldsman, ainda parece irreal o fato de que A Torre Negra encontrou seu caminho nos cinemas e mantém seus planos para emigrar para uma série televisiva. Para a Sony Pictures, Goldsman (Transformers: O Último Cavaleiro, O Chamado 3) e os co-roteiristas Jeff Pinkner (A 5ª Onda, O Espetacular Homem-Aranha 2), Anders Thomas Jensen (Entre Irmãos), além do diretor Nikolaj Arcel (da versão sueca de Os Homens Que Não Amavam As Mulheres) parecia necessário chegar a um consenso a favor de uma narrativa compreensível e interessante o suficiente ao público e, o mais importante, com um orçamento nada estrondoso. A partir daí, a solução era cortar praticamente todo o misticismo, a mitologia atemporal e os incidentes espaçados comuns entre os sete volumes visando uma história que vai direto ao ponto e privilegia a ação acima de tudo, sem se esquecer de trazer os elementos cruciais do primeiro livro, seus personagens e até mesmo referências a demais filmes baseados nas obras do autor, como O Iluminado, IT, Christine entre outros detalhes que, inseridos discretamente ou não, frisam que tudo o que foi escrito por Stephen King pertence ao mesmo universo interligado pela Torre Negra no vasto Mundo Médio.
A trama segue uma estrutura simples que lhe é benéfica ao contar sua versão da eterna luta entre o Bem e o Mal e que não se delonga em apresentar seu problema: em uma dimensão paralela, O Homem de Preto (Matthew McConaughey) e estranhos asseclas que se disfarçam com peles humanas se empenham no rapto de crianças que possuem o Toque (ou The Shine, no original), uma habilidade rara que, convertida em energia, é a única capaz de destruir a Torre que garante o equilíbrio e mantém as trevas afastadas dos mundos. O que leva a Jake Chambers (Tom Taylor), um jovem de Nova York atormentado por sonhos e pesadelos envolvendo datas, pessoas e números os quais ele nunca viu até então, transcrevendo tudo isso em ilustrações e rabiscos de traços compulsivos, algo a servir de mote para o antipático padrasto que quer colocar Jake numa clínica psiquiátrica bem longe dali. Seguindo as coordenadas transcritas, o garoto vai parar no distante Mundo Médio onde, entre perigos inesperados, acaba encontrando Roland Deschain (Idris Elba), o Último Pistoleiro capaz de impedir O Homem de Preto na conclusão de seu nefasto plano.
Das inúmeras diferenças notadas entre livro e filme, embora predominantemente compreensíveis e contrariando aquela errônea atmosfera carregada de Assassin's Creed, A Torre Negra detém uma bem-vinda mescla de gêneros que transita da aventura para o terror e adiciona seus toques de suspense em meio a um bom humor quando necessário, isso quando o ritmo apressado pelo anormal corte de 95 minutos dá chance a todos os incidentes e elementos se desenvolverem como esperado. Todavia bem escalados, o trio principal fica refém de motivações superficiais que se repetem claudicantes e que dificilmente se tornam críveis em meio a tanta fantasia resumida, o que não quer dizer que toda a destreza de Roland em carregar suas pistolas e dar seus tiros certeiros seja enfadonha, assim como os poderes d'O Homem de Preto, com Matthew McConaughey fazendo o possível para que seus comandos verbais não caiam no ridículo. Passando bem menos tempo do que o esperado no Mundo Médio, há uma bela seleção de locações naturais que incrementam o misticismo raro da produção e o design de produção faz o possível para traçar algo de original tendo em vista o tanto de produções congêneres que estrearam nos últimos tempos; ainda assim, e para a sua curta projeção, o filme carece de momentos emblemáticos tal como uma Carrie banhada em tinta vermelha ou qualquer plano enquadrado por Stanley Kubrick naquele inóspito hotel.
Mirando no público infanto-juvenil acostumado a produções semelhantes onde mandam os efeitos visuais de sobra, o longa em si é uma adaptação honesta diante de sua fonte, mas é evidente que foi erguida sobre uma zona de segurança e que evita ao máximo os riscos criativos, logo quando eles são seus melhores momentos – as cenas de sonhos e boa parte das sequências no Mundo-Médio dão conta do recado. Ponderando seu equilíbrio de erros e acertos, seu possível futuro promissor (preferencialmente, por gente que filme com olho, cabeça e coração) e todo o alto status ao redor dos livros, chega a ser estranho notar o que um dia era influenciador de tantos contadores de histórias, acabou como influenciável. Logo, quando tinha tudo pra ser um épico distinto aos moldes de Mad Max, A Torre Negra está mais próximo de um Maze Runner ou Stranger Things do que o esperado, e isso significa que, embora divertido, não deixe de ser mais um produto de entretenimento genérico.
Mirando no público infanto-juvenil acostumado a produções semelhantes onde mandam os efeitos visuais de sobra, o longa em si é uma adaptação honesta diante de sua fonte, mas é evidente que foi erguida sobre uma zona de segurança e que evita ao máximo os riscos criativos, logo quando eles são seus melhores momentos – as cenas de sonhos e boa parte das sequências no Mundo-Médio dão conta do recado. Ponderando seu equilíbrio de erros e acertos, seu possível futuro promissor (preferencialmente, por gente que filme com olho, cabeça e coração) e todo o alto status ao redor dos livros, chega a ser estranho notar o que um dia era influenciador de tantos contadores de histórias, acabou como influenciável. Logo, quando tinha tudo pra ser um épico distinto aos moldes de Mad Max, A Torre Negra está mais próximo de um Maze Runner ou Stranger Things do que o esperado, e isso significa que, embora divertido, não deixe de ser mais um produto de entretenimento genérico.
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