quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A Luz Entre Oceanos | CRÍTICA


Com Namorados Para Sempre e O Lugar Onde Tudo Termina, Derek Cianfrance provou que sabe conduzir boas histórias em torno de um casal apaixonado capaz de fazer o impossível, apesar das adversidades no processo ou como consequência. Sem Ryan Gosling, protagonista nos dois filmes anteriores, o diretor encontra nos plenamente talentosos Michael Fassbender e Alicia Vikander a chance de contar uma história romântica à moda antiga que fascina por sua magnitude e beleza que vai além do sentimental.

Inspirado no livro homônimo escrito por M.L. Steadman, A Luz Entre Oceanos situa-se pouco tempo após o fim da Primeira Guerra Mundial, onde Tom Sherbourne (Fassbender) busca na costa oeste australiana um meio de encontrar a paz após testemunhar os horrores do campo de batalha. A Tom, então, lhe é oferecida a vaga de faroleiro na pacata ilha de Janus, um emprego perfeito para alguém que, como ele, busca na solidão um meio de esquecer o passado, mas a presença radiante da jovem Isabel Graysmark (Alicia Vikander) aos poucos vai contagiando aquele abatido homem. De uma amizade que sempre vinha por o papo em dia quando ele visitava o continente, logo a ideia de casamento vem à tona, ainda mais quando é o único meio legal para a moça conhecer a ilha. Lendo assim, parece uma atitude ingênua, mas não tarda para que o mais novo casal transmita cumplicidade e passe a dividir as mesmas alegrias e dores.



Sentimentos esses que chegam junto com os filhos que esperam, mas a tristeza toma conta quando, nas duas tentativas, nascem sem vida, fazendo Isabel definhar pouco a pouco (a sequência debaixo da tempestade é de congelar a alma!). Por uma benção, milagre ou qualquer palavra que se atribua, um barco encalha na ilha contendo um homem morto e uma bebê recém-nascida, o que vem a mexer com aqueles os únicos habitantes de Janus: contatar as autoridades (o trabalho de Tom exige relatórios diários) para resgatarem a criança ou mantê-la como se fosse sua filha? Embora os primeiros anos de criação da pequena Lucy sejam de ternura, o peso da ideia da adoção acobertada virá à tona quando o casal descobre que a pequena ainda possui uma mãe em luto.

Apesar de seu ar datado e todo o conservadorismo das primeiras décadas do Século XX, algo que deixa o filme mais exausto e incômodo de assistir em sua terceira parte, A Luz Entre Oceanos é singelo no que ainda é universal e atemporal. Não demora para que tenhamos raiva de Hannah, a viúva vivida por uma dedicada Rachel Weisz, ainda que esteja com todo o direito de reclamar sua filha, mas, uma vez que nos apegamos a Tom e Alice, é difícil escolher um lado. Das condenações injustas, descobrimos mais sobre a vida de Hannah e os belos ensinamentos que seu finado marido alemão a tinha mencionado certa vez, ele que também buscava no continente australiano uma chance de redenção – isso se a xenofobia não falasse mais alto.


Se A Luz Entre Oceanos (The Light Between Oceans) vale a pena em ser visto, isso não há dúvidas, apesar de seu tratamento antiquado e uma história que não é lá das mais originais, vinga aqui a edificante fotografia de Adam Arkapaw (Macbeth) que traz uma nuance contemplativa digna de um filme de Terrence Malick , ainda mais quando os cenários são complementados com frases bonitas, vida a explicação sobre a origem da ilha. Uma vez que seus astros principais não precisam provar mais nada ao mundo, mas entregam boas performances de praxe, o título é um drama bem-vindo quando pairam as dúvidas sobre o perdão e o ressentimento.



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