sábado, 25 de junho de 2016

Independence Day: O Ressurgimento | CRÍTICA


Independence Day foi um marco para o cinema de catástrofe da década de 1990. De seus convincentes efeitos visuais que destruíam diversas edificações icônicas dos Estados Unidos durante a projeção, sustentado por cenas icônicas que ficaram no imaginário popular por um bom tempo, o sucesso do filme foi o suficiente para que Hollywood se mexesse e produzisse outros títulos nos anos a seguir explorando ainda mais a temática de destruição e/ou de invasões extraterrestres; boa parte, de qualidade duvidosa. Quanto a sua narrativa, ID mais parecia uma grande anedota de viés patriótico e sabe-se lá se o roteirista Dean Devlin e o diretor Roland Emmerich pensavam em transmitir uma mensagem existencialista senão seu show de explosões. Vinte anos depois, Independence Day: O Ressurgimento não poderia ser mais espalhafatoso e defasado.


O ano de 2016 desta Terra alternativa criada por Devlin, Emmerich e mais outros três nomes assinando o roteiro apresenta, em larga escala, uma sociedade global utópica cuja maior preocupação se concentra na prevenção de um novo ataque alienígena. A Casa Branca foi reconstruída, tem uma presidente vivida por Sela Ward (péssima, algo recorrente com outros atores durante o filme) e por todo o lugar se vê uma tecnologia avançada a partir do conhecimento adquirido da aparelhagem da nave que assolou o planeta em 1996. Até mesmo a Lua, com idas e vindas triviais, possui uma base de operações liderada por chineses onde conhecemos alguns dos novos protagonistas: o empilhador Jake Morrison (Liam Hemsworth), seu colega Charlie (Travis Tope, talvez o mais engraçadinho do grupo), além dos pilotos Dylan Hiller (Jessie T. Usher), Rain Lao (Angelababy) e Patricia Whitmore (Maika Monroe, revelada em Corrente do Mal), a filha de um certo presidente. Um elenco jovem longe de parecer esforçado em tela e com um carisma que dificilmente decola.



É no plano terrestre que reencontramos, então, os velhos astros do longa original coexistindo com novatos que não vão parar de surgir até, praticamente, o terceiro ato. Voltam ao jogo figuras como o agora perturbado ex-presidente Thomas Whitmore (Bill Pullman), uma sufocada Vivica A. Fox reinterpretando a viúva do personagem de Will Smith, Dr. Brakish Okun (Brent Spiner) acorda eufórico de um coma, além da família Levinson que se resume ao pai, Julius (Judd Hirsh) e o filho, David (Jeff Goldblum), o maior perito nessa nova ciência (por assim dizer) e chefe de operações da "Earth Space Defense". Ao invés de trabalhar com o que já têm em mãos, Emmerich e roteiristas injetam, por exemplo, um africano de nome Dikembe Umbutu (Deobia Oparei surge carismático graças à habilidade de seu guerreiro) e a psiquiatra Catherine Marceaux, vivida (inacreditavelmente) por Charlotte Gainsbourg, que coleta de seus pacientes casos alucinantes de símbolos alienígenas – uma adição dramática (vide o currículo da atriz) que até viria a calhar se a narrativa quisesse ter um estofo coerente para se levar a sério, pelo contrário. 

Chega a ser irônico pensar que nem mesmo os principais atrativos de Independence Day: O Ressurgimento empolgam, seja pela nova e colossal invasão alienígena ou pela vontade incomensurável de Emmerich em destruir mais o planeta outra vez, como se tudo o que já foi visto em sua filmografia não fosse suficiente. De fato, é mais do que esperado que, uma hora ou outra, o diretor apele para a catástrofe do jeito que o público ficou acomodado a assistir (e até mesmo gosta), mas aqui não há surpresas; o pavor ao desconhecido é minimizado, as notas de suspense da emblemática cena da destruição da Casa Branca no primeiro filme se dissipam no ar para dar vez a uma quilométrica enchente de entulho urbano com vários monumentos turísticos ingleses explodidos, acarretando em uma gratuidade distópica que não gera mais impacto nem como entretenimento.



Da sua declarada vontade de rumar para o espaço, tentando enriquecer a narrativa ao estabelecer uma mitologia genérica, e assim promover mais combates de naves e destruições em escala interestelar (garantindo a atenção dos novos fãs dos filmes espaciais recentes); da sua fotografia parcialmente escurecida que reflete o desempenho ofuscado do elenco e de seu fan service forçado ao resgatar personagens pelas quais não poderíamos nos importar menos, talvez não seja forçado dizer que Independence Day: O Ressurgimento acerta ao transpor seu público em tela, pelo menos, oferecendo a tentativa de se identificar com aquelas várias famílias retratadas com um toque de diversidade. Um público que se pega esperando por diversão, mas no meio do caminho encontra um terrível desastre.






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.