Recomeçar a vida após um grande trauma é um desafio e tanto, por mais que as pessoas próximas nos consolem com os mais belos gestos e dizeres. Às vezes o tempo ajuda, em outros casos, só depende da nossa força de vontade em ver as coisas sob uma outra perspectiva, driblando a tristeza que costuma voltar quando menos se espera. Em The Fundamentals of Caring, longa exclusivo na Netflix, o recomeço é um exercício de paciência e aceitação.
Faz quase três anos que Ben Benjamin (Paul Rudd) se aposentou da sua carreira de escritor e, desde então, vive uma melancólica rotina na nublada Seattle. Longe de qualquer motivo profissional ou invalidez física, Ben praticamente se isolou do mundo após uma tragédia familiar, evitando a ex-mulher que insiste na papelada do divórcio e se esquiva até mesmo de credores que batem insistentemente na porta do apartamento onde mora. Decidindo dar uma chance para si mesmo, até porque está desempregado há tempos, o ex-escritor se inscreve num curso de cuidados para pessoas debilitadas e lá recebe as instruções mais que formalistas: perguntar, escutar, observar, ajudar, perguntar de novo; com a condição de nunca se apegar.
Ainda zerado de experiência nesta sua nova ocupação, Ben é delegado para cuidar de Trevor (Craig Roberts), um adolescente portador da rara distrofia muscular de Duchenne e também de um mau-humor voluntário, não se contendo em palavrões e fingindo espasmos para assustar e testar seu cuidador. O dinheiro fala mais alto e Ben não se deixa intimidar pelas provocações de Trevor, encarando os desafios diários no limite do possível e, aos poucos, conquista o garoto inglês que, além de sua rotina de comer waffles, ingerir vários remédios e assistir às programações bizarras da televisão, anotando em um mapa as atrações peculiares dos Estados Unidos, revela um lado bastante amargurado, seja pela sua baixa estimativa de vida ou pelo fato de o pai tê-lo abandonado quando tinha três anos.
Considerando que a Netflix lançou o filme em seu catálogo há menos de uma semana depois do Dia Dos Pais americano, fica evidente que esta história baseada no livro "The Revised Fundamentals of Caregiving", de Jonathan Evison, nada mais é que um conto sobre o encontro da figura paterna em quem menos se espera e/ou sobre o elo de empatia que se adquire ao tomar conta de alguém como se fosse um filho. Dirigido por Rob Burnett, experiente como produtor de TV, The Fundamentals Of Caring não se contém ao abraçar os bons clichês de um road movie independente, saindo da paleta fria dos cenários de Seattle para aderir às cores quentes do campo que só a estrada pode oferecer ao som de uma trilha agradável, além dos clássicos cenários como restaurantes, motéis e pontos turísticos, todos eles com seus devidos conflitos encaixados. Humor também não falta, com Rudd e Roberts estabelecendo uma parceria que não cansa.
Se boa parte do filme flui com eficiência graças à atmosfera hospitaleira construída ao longo dos primeiros atos com o carisma infalível de Paul Rudd, além da edição que monta cortes interessantes, escondendo o mote particular de Ben, por outro lado, a adição de outros personagens terciários pouco traz relevância a trama (o texto brusco na cena em uma concessionária da Ford não ajuda em nada os atores). Nem mesmo a meio-fugitiva rebelde vivida por Selena Gomez acrescenta algo senão para ser um singelo interesse romântico ao então jovem recluso, por mais que sua subtrama tenha um desfecho levemente comovente.
É curioso, no entanto, que o filme estabelece algo que o conservadores tentam velar a todo o custo. Enquanto os homens parecem ser os mais carentes de atenção, vê-se uma mãe solteira que teve que vencer na vida e bancar o alto custo das necessidades especiais do filho; em outro caso, uma mulher grávida viaja sozinha para a casa da família até onde seu veículo permitiu. Por mais distintas as suas origens, aos olhos de um estranho, aqueles quatro passageiros no carro modificado parecem uma família normal, mas não há mal algum em abraçar os outros do mesmo modo afável que um parente e encontrar uma nova lição de vida vencendo as dificuldades em conjunto.
Faz quase três anos que Ben Benjamin (Paul Rudd) se aposentou da sua carreira de escritor e, desde então, vive uma melancólica rotina na nublada Seattle. Longe de qualquer motivo profissional ou invalidez física, Ben praticamente se isolou do mundo após uma tragédia familiar, evitando a ex-mulher que insiste na papelada do divórcio e se esquiva até mesmo de credores que batem insistentemente na porta do apartamento onde mora. Decidindo dar uma chance para si mesmo, até porque está desempregado há tempos, o ex-escritor se inscreve num curso de cuidados para pessoas debilitadas e lá recebe as instruções mais que formalistas: perguntar, escutar, observar, ajudar, perguntar de novo; com a condição de nunca se apegar.
Ainda zerado de experiência nesta sua nova ocupação, Ben é delegado para cuidar de Trevor (Craig Roberts), um adolescente portador da rara distrofia muscular de Duchenne e também de um mau-humor voluntário, não se contendo em palavrões e fingindo espasmos para assustar e testar seu cuidador. O dinheiro fala mais alto e Ben não se deixa intimidar pelas provocações de Trevor, encarando os desafios diários no limite do possível e, aos poucos, conquista o garoto inglês que, além de sua rotina de comer waffles, ingerir vários remédios e assistir às programações bizarras da televisão, anotando em um mapa as atrações peculiares dos Estados Unidos, revela um lado bastante amargurado, seja pela sua baixa estimativa de vida ou pelo fato de o pai tê-lo abandonado quando tinha três anos.
Considerando que a Netflix lançou o filme em seu catálogo há menos de uma semana depois do Dia Dos Pais americano, fica evidente que esta história baseada no livro "The Revised Fundamentals of Caregiving", de Jonathan Evison, nada mais é que um conto sobre o encontro da figura paterna em quem menos se espera e/ou sobre o elo de empatia que se adquire ao tomar conta de alguém como se fosse um filho. Dirigido por Rob Burnett, experiente como produtor de TV, The Fundamentals Of Caring não se contém ao abraçar os bons clichês de um road movie independente, saindo da paleta fria dos cenários de Seattle para aderir às cores quentes do campo que só a estrada pode oferecer ao som de uma trilha agradável, além dos clássicos cenários como restaurantes, motéis e pontos turísticos, todos eles com seus devidos conflitos encaixados. Humor também não falta, com Rudd e Roberts estabelecendo uma parceria que não cansa.
Se boa parte do filme flui com eficiência graças à atmosfera hospitaleira construída ao longo dos primeiros atos com o carisma infalível de Paul Rudd, além da edição que monta cortes interessantes, escondendo o mote particular de Ben, por outro lado, a adição de outros personagens terciários pouco traz relevância a trama (o texto brusco na cena em uma concessionária da Ford não ajuda em nada os atores). Nem mesmo a meio-fugitiva rebelde vivida por Selena Gomez acrescenta algo senão para ser um singelo interesse romântico ao então jovem recluso, por mais que sua subtrama tenha um desfecho levemente comovente.
É curioso, no entanto, que o filme estabelece algo que o conservadores tentam velar a todo o custo. Enquanto os homens parecem ser os mais carentes de atenção, vê-se uma mãe solteira que teve que vencer na vida e bancar o alto custo das necessidades especiais do filho; em outro caso, uma mulher grávida viaja sozinha para a casa da família até onde seu veículo permitiu. Por mais distintas as suas origens, aos olhos de um estranho, aqueles quatro passageiros no carro modificado parecem uma família normal, mas não há mal algum em abraçar os outros do mesmo modo afável que um parente e encontrar uma nova lição de vida vencendo as dificuldades em conjunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.