quarta-feira, 29 de julho de 2015

Sobrenatural: A Origem | CRÍTICA


A morte de um ente querido abala as estruturas emocionais de suas famílias sempre e não é de hoje que muitas delas recorrem ao espiritismo na ânsia de tentar se comunicar com aqueles que já se foram (ou o contrário). Mas nesse contato etéreo é possível que entidades malignas possam se aproximar dessas pessoas abatidas e se fortalecer diante da tristeza alheia. Diante uma poderosa ameaça, uma médium se forçará a voltar à ativa, anos antes do acontecimento da família Lambert no primeiro Sobrenatural (Insidious), que era bem mais interessante do que o capítulo atual.

A garota Quinn Brenner (Stefanie Scott) não poderia ter perdido sua mãe, vítima de um câncer, numa das fases mais complicadas da vida: a passagem da adolescência para a tal "vida adulta". Uma época em que decisões como sair de casa, arranjar uma profissão e até se apaixonar são tomadas com muito peso. Aspirante ao teatro, Quinn espera encontrar a mãe no "campo astral" para lhe conferir forças no teste e vai ao encontro de uma médium conhecida, Elise Rainier (Lyn Shaye), mas a senhora (que se tornou viúva) acredita que suas habilidades estão gastas. Se a garota parecia sem rumo até aí, enclausurada por um pai insensível e um irmão teimoso, as coisas pioram quando um vulto começa a assolar o apartamento da família, mais especificamente, o quarto da jovem, e pouco a pouco essa projeção se torna mais nítida, física e mais assustadora. Seria o espírito da mãe de Quinn, tentando se comunicar de uma forma incomum, ou algo muito pior?


Traduzido erroneamente como Sobrenatural: A Origem (Insidious: Chapter 3), o roteirista e (agora) diretor Leigh Whannel e o produtor James Wan se divertem ao contar uma história anos antes do incidente do filme com Rose Byrne e Patrick Wilson, mas isso está longe de ser uma prequência inicial, afinal, já era sabido que Elise combatia as entidades malignas há muito tempo. Para contrariar ainda mais a tradução, não faltam (boas) referências ao original de 2010 e até a inserção de novos elementos a esta nova trama que, pelo menos, acerta ao focar e potencializar sua ameaça em apenas uma entidade, ao contrário da diversidade de espíritos maus que apareciam na casa dos Lambert mais para assustar do que para ferir, como é o caso da vez. 


Se o roteiro didático do original cansava por suas introduções longas, aqui o lado emocional toma conta entre um susto e outro, mas o elenco acaba entregando apenas ações duras e frases nada impactantes, vide o tratamento do pai com a filha na cozinha ou pelo modo como Elise se deita com um casaco de seu falecido marido. Bem no fim, entre um número considerável de cenas competentes e que assustam, mais parece que Whannel está preocupado em contar a história (pouco relevante) daquela dupla de caça-fantasmas canastrões, e para isso, usa e abusa do estilo de direção traçado por seu colega James Wan que, com seu envolvente direcionamento de câmera, consegue aproveitar melhor uma boa história de terror.

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