quarta-feira, 15 de julho de 2015

Homem-Formiga | CRÍTICA


Depois de onze filmes, além de três séries televisivas, a Marvel precisava dar ao seu enorme público um breve respiro antes de embarcar na grandiosa Fase 3. Um filme que fosse mais contido em destruições, porém divertido e que ainda trouxesse personagens clássicos de seu cânone, agregando mais uma camada ao seu universo cinematográfico. Aliada (inicialmente) ao bom-humor inteligente de Edgar Wright, a chegada do Homem-Formiga é uma experiência que, embora diminuta comparada aos lançamentos anteriores, revela ser muito aventuresca e uma quase volta às origens do estúdio.


Há um mistério sobre a tecnologia que Hank Pym (Michael Douglas) desenvolveu décadas atrás, um elemento, talvez, que pudesse ser uma poderosa arma nas mãos da S.H.I.E.L.D., ainda liderada pelos velhos Howard Stark (John Slattery) e Peggy Carter (Hayley Atwell), a agente com envelhecimento precoce. Ciente dos perigos de sua obra-prima, o recluso Pym voltaria à ação depois de 25 anos, bem quando o seu sucessor na Pym Tech, o ambicioso Darren Cross (Corey Stoll), está prestes a alcançar o resultado do mestre com o projeto Jaqueta Amarela, um traje que permite soldados reduzir seu tamanho e obter um maior poder bélico. No entanto, Cross parece não ter intenções pacifistas com sua criação e Pym vai precisar da ajuda de um ladrão muito habilidoso, este a fim de provar para a filha pequena de que é seu herói. Tanto Scott Lang (Paul Rudd), como Pym, vão descobrir que o traje do Homem-Formiga não só traz grandes poderes, mas também uma chance de reatar laços familiares.


Praticamente inaugurando o conceito de uma segunda geração utilizando o mesmo traje e codinome, o roteiro da dupla Edgar Wright e Joe Cornish, e complementado pela dupla Adam McKay e Paul Rudd, pretende contar a origem do herói em meio a ótimas doses de humor físico e verbal, além de, claro, acrescentar (cenas e) referências aos Vingadores e mais um intrigante drama familiar que, embora seja bem encenado por Michael Douglas e Evangeline Lilly (a Hope Van Dyne/futura Vespa), acaba tomando mais tempo de tela que o necessário. Nessa jornada de um só herói, tão semelhante ao primeiro Homem de Ferro e até mesmo com Homem-Aranha (aquele do Sam Raimi), há o núcleo dos parceiros de "crime" de Lang com o engraçado Michael Peña, e também as cenas com a filha e a ex-esposa, agora noiva de um policial que procura deter o herói, a ameaça do vilão e seus planos surge quase inofensiva, ainda que os primeiros experimentos sejam levemente aterrorizantes. O que incomoda de vez em quando é a procura do roteiro em didatizar muito do que parece ser de difícil compreensão ao espectador, logo quando a diversão fica por conta da descoberta das utilidades do traje que, com seu estilo meio oitentista, não tem uma gama de funções como as quase cinquenta armaduras do Tony Stark.


Homem-Formiga é um filme bastante prazeroso de se assistir, e isso se deve às suas ótimas tiradas cômicas e ao seu competente elenco. Tanto Paul Rudd como Michael Douglas apresentam carisma de sobra e mandam bem na relação aprendiz-mentor, sabendo também equilibrar os momentos dramáticos com as cenas que beiram a uma boa comédia pastelão. Enquanto em alguns títulos da Marvel havia a vontade (por vezes urgente) em tranquilizar a tensão provocada, aqui o diretor Peyton Reed consegue controlar tais contrapontos emocionais sem deixar de lado o foco principal: as prometidas cenas de ação que intercalam em proporções. Com um curioso e inteligente batalhão de formigas de várias espécies, o Lang diminuto se aventura dentro de canos e em qualquer fissura que consiga passar em cenas com uma variedade de planos com movimentos pra lá de esportivos e uma forte iluminação azul-elétrica, ficando ainda mais bonita quando contrasta com o vermelho do uniforme. Mas é no intenso clímax que as ações melhoram exponencialmente e há surpresas dignas de gargalhadas, afinal, San Francisco passa isenta da destruição total quando os trilhos de um conhecido personagem infantil sediam o palco da briga entre o Homem-Formiga e o Jaqueta Amarela. Depois dessa, a imaginação do Andy de Toy Story precisaria se superar para criar uma "brincadeira" tão empolgante assim! Uma pena que a conversão 3D, novamente, não seja das melhores.


Sem medo de parecer pequeno diante dos outros já consolidados super-heróis, Homem-Formiga pode parecer modesto, mas é grandioso em sua proposta honesta de querer divertir seu público, por mais que o seu "momento Interestelar" pareça peculiar e estranho para o padrão Marvel de narrativas. Diante de um herói tão carismático em sua epopeia que não precisa ser em escala global, fica aqui um anseio adaptando um ditado: mais do menos!


P.S.: Fiquem atentos aos jornais e também às falas de uma japonesa sobre o rumor de um novo herói. As cenas pós-créditos são indispensáveis e, pra variar, formigam a curiosidade.

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