quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Invencível | CRÍTICA


Mesmo após se aproximando do 70º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, o cinema parece ter uma fonte inesgotável de histórias para retratar, por mais saturado que o tema aparente estar. Produzindo e dirigindo Invencível (Unbroken), Angelina Jolie escolhe a história de Louis Zamperini e cria um belo relato de superação que, entretanto, pesa demais a mão em seu lado humanitário.

Baseando-se no livro escrito por Laura Hillenbrand e com roteiro assinado pelos irmãos Joel e Ethan Coen, Richard LaGrevenese e William Nicholson, além de ter se aproximado do próprio Zamperini (falecido em julho de 2014), Angelina conta a juventude de Zamperini de modo bastante dinâmico, senão a la Spielberg. Desde o preconceito enfrentado por ser um carcamano ao péssimo comportamento em geral, o mirrado Louis (C.J. Valleroy) é influenciado pelo irmão Pete (John D'Leo) a participar de corridas e, para sua própria surpresa, se mostra um talento nato para o esporte.



Entre corridas vencidas, já adulto, Zamperini (Jack O'Connell) participa do inquietante cenário das Olimpíadas de Berlim em 1936, sentindo o iminente clima de guerra. Todos esses acontecimentos são contados paralelamente, marcados por transições sutis, enquanto Louis se encontra sobrevoando o Oceano Pacífico junto com outros colegas de exército, culminando num acidente que os desola em pleno mar e provisões contadas. O resgate só chegaria após semanas, e o verdadeiro inferno para Louis e Phil (Domhnall Gleeson) estava por vir em terra.

A segunda metade de Invencível, então, começa a se tornar algo cansativo. Não bastando as últimas experiências cinematográficas de sobrevivência em alto mar nos últimos anos, como As Aventuras de Pi e Expedição Kon Tiki (2012), além de Até O Fim (2013), Jolie investe boa parte do tempo mostrando o esperado sofrimento, que se prolonga até demais quando Louis é cativo nas bases japonesas. Entre várias sequências de injustiças e castigos gratuitos, O'Connell entrega ao seu personagem uma força perseverante que irrita constantemente o cruel general Watanabe (Miyavi), que faz o jovem sofrer até os últimos minutos de guerra.


Munido de uma equipe competente, como Roger Deakins na direção de fotografia com seus tradicionais planos na contra-luz, e as melodias sublimes da trilha de Alexandre Desplat, Invencível perde muito na redundância de suas ações enquanto quer mais resgatar os valores do patriotismo americano e até mesmo as transmitir uma mensagem cristã.




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