quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Êxodo: Deuses e Reis | CRÍTICA


De todas as passagens do Antigo Testamento, talvez o livro do Êxodo é o que mais contenha momentos épicos e, em decorrência disso, tenha recebido várias adaptações para o cinema. A versão de Ridley Scott para a longa jornada de Moisés se inteira de ser bela e monumental, mas não há muito a acrescentar.


Descartando toda a parte de sua infância, a não ser por comentários relatados mais adiante, Moisés (Christian Bale) aparece adulto e também um competente general egípcio, conquistando a confiança do Faraó (John Turturro) – e pai adotivo – e fazendo com que seu irmão Ramsés (Joel Edgerton), herdeiro legítimo do trono, passe a agir com indiferença, ainda mais depois do triunfo do irmão numa batalha contra os hititas e a facilidade no diálogo com os pobres. Logo, esse contato seria mal visto pelos poderosos do reino na medida em que Moisés se aproxima cada vez mais do povo escravizado. 




Quando Moisés é banido do Egito, a narrativa, que até então pouco tocava no assunto religioso em questão, vai gradualmente trocando de lado, mesmo quando o vindouro profeta, conversando com sua esposa, a questiona sobre acreditar em si mesmo, uma vez que já se mostrava descrente do politeísmo egípcio. As provas da existência do Deus hebreu caem como pedra e sob a forma de uma criança teimosa e vingativa. É hora de voltar para a terra onde já fora um príncipe e começar uma revolução.

O grande problema dessa revolução é que ela demora pra engrenar, com direito a uma vilania canastra por parte de Ramsés e repetitivas sequências de Moisés conversando com o menino-Deus com seus planos nada benignos. Se o design de produção de Arthur Max e a fotografia 3D de Dariusz Wolski retratam toda a região e temas com profundidade competente, o roteiro escrito a oito mãos se embaralha na busca da epicidade. Não obstante, a trilha assinada por Alberto Iglesias soa manjada, repetindo estereótipos de músicas egípcias/bíblicas.



Querendo ser didático e desperdiçando uma montagem paralela, o que evocaria um efeito mais devastador, Scott ainda gasta um longo tempo apresentando cada uma das sete pragas que assola o povo do Rio Nilo. É triste também ver atores renomados como Ben Kinsley, Sigourney Weaver e Aaron Paul sendo mal aproveitados, entrando mudos e quase calados feito múmias. Cabe ao talento de Christian Bale segurar o filme até o seu clímax final, sem cajado de poder, demonstrando ser um Charlton Heston de seu tempo.




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