quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo | CRÍTICA


Um medalhista olímpico chega a um colégio para dar uma palestra a uma turma de pré-adolescentes aborrecidos, três anos após ganhar o ouro. A inspiração e o heroísmo estão defasados, há dificuldades em se manter como atleta e falta um motivo maior pra treinar. Quando Mark Schultz (Channing Tatum) conhece o perturbado milionário John du Pont (Steve Carell), tudo indica que o lutador pode resgatar um patriotismo perdido, mas tudo converge para sua queda.

Aceitando a proposta irrecusável de du Pont, Mark parte de sua cidade na Filadélfia para a vasta fazenda Foxcatcher em Utah, tendo que acatar com várias normas impostas pela reservada família, detentora de uma indústria de produtos químicos, além de luxuosos itens que remontam ao século XIX e cavalos de alta linhagem. No entanto, Mark não é ninguém sem o dedicado esforço de seu irmão e treinador, Dave (Mark Ruffalo), que recusa o convite para se juntar à Equipe Foxcatcher, para desagrado do seu investidor. E no meio de toda aquela desolação que não se desapega do passado, John vai revelando seus hábitos rígidos e obsessões sem limites, tudo para tentar garantir o orgulho de sua idosa mãe (Vanessa Redgrave).


As eliminatórias para os Jogos Olímpicos de 1988 se aproximam e o rendimento de Mark só decai. A vinda de Dave é mais do que bem-vinda ao local quase fantasmagórico. Por sorte, é com o maior espaço dedicado a Ruffalo que o ator entrega uma performance bastante carismática e de presença forte, mostrando que, além de ser um lutador/treinador competente, não deixa de ser um caridoso irmão e pai de família. 

Fora isso, Tatum (que considero um ator igualmente dedicado), tenta encontrar um caminho para retratar seu perturbado personagem, é prejudicado por um roteiro que não consegue se arriscar devido às constantes e vazias alternâncias de pontos de vista, que se por um lado sugerem crises existencialistas, velando um homoerotismo quase explícito. São muitas pontas que ficam soltas, parecendo não ter um caminho exato, apesar de certas pistas que sugerem o desfecho.

O maior alvo de atenções do título, mais pela sua caracterização peculiar, Steve Carell surge a todo tempo quase parado, como se estivesse esperando que a maquiagem (nada demais, inclusive) atue mais do que ele próprio. Claro que há momentos singulares, seja quando ao ter seu cabelo aparado por Mark, conta ao rapaz sobre um (e único) amigo de infância ou quando, para impressionar sua mãe, se joga vergonhosamente no tatame de sua equipada academia para demonstrar uma luta.


Hábil por saber utilizar os silêncios e outros sons como ferramentas aterradoras, o diretor Bennett Miller também acerta na preferência em filmar a locação em dias dificilmente ensolarados, não só tornando o filme uma experiência fria, mas evidenciando que ali não há tempos áureos para antigos valores e heróis.



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