Quarto capítulo da saga John Wick ainda traz inovações, mesmo que megalomania comece a pesar a mão através dos infinitos desafios do protagonista.
É inegável a influência de John Wick no cinema de ação a
partir do seu lançamento, em 2014. O filme inicialmente tinha o título de
"De Volta ao Jogo", mas logo depois a franquia teve que ser
rebatizada no Brasil e se render ao título original. O sucesso sem pretensão de
público e crítica deram luz verde para uma continuação ao mesmo tempo em que
buscava-se entender o motivo do sucesso repentino. O co-diretor do primeiro
filme, David Leitch, teve vários projetos pela frente e deixou sua marca em
franquias como Deadpool e no spinoff de Velozes e Furiosos, porém Chad
Stahelski se manteve como o principal criativo na franquia John Wick e foi com
o segundo filme, já sem a companhia de Leitch, que vimos o fenômeno ganhar
corpo. Com John Wick: Um Novo Dia Para Matar o personagem entrou de vez na cultura
pop ao se tornar uma reunião de gerações de astros de ação com um estilo de
combate totalmente diferente. A mitologia da série também se expandiu e com
isso trouxe toda uma nova estética para os novos capítulos.
Hoje em Hollywood os filmes de ação têm uma missão muito
difícil: criar coreografias de luta que sejam inventivas e muito bem treinadas.
Os cortes múltiplos que a saga Bourne trouxe foram ultrapassados graças a nova
geração de diretores que vieram do setor de dublês.
O 4° capítulo chega com a maior distância em relação ao
anterior da franquia, ao mesmo tempo em que prometia ser o maior, tanto em
duração quanto em escala e isso parece ter sido cumprido.
Na trama acompanhamos a continuação da perseguição a John
Wick, que tem sua cabeça valendo mais de US$ 18 milhões, mas agora ele
encontrou um oponente que não visa o dinheiro da recompensa, mas sim a honra da
Cúpula ao derrotar Wick.
Logo nos primeiros minutos temos estabelecido que o vilão, o
Marquês de Gramont (Bill Skarsgård) contrata Caine (Donnie Yen) para a missão
mais difícil da vida do mercenário e isso é uma das melhores coisas da
franquia. Uma simples citação ao nome de Wick traz desespero aos inimigos, a
menos que eles sejam muito badasses.
Com uma narrativa que parece de videogame (no melhor sentido do termo), onde Wick vai passando por fases e encontra missões paralelas para cumprir, o roteiro se torna confuso e truncado, deixando que em alguns momentos a edição não queira cortar as grandes setpieces de ação e assim deixe o filme inchado. Apesar do excelente ritmo, tem uma hora que o filme ameaça ficar enfadonho, mas logo retoma uma cena espetacular e prende a atenção novamente. Com uma fotografia e um design de produção que almejam ser mais artísticos do que precisavam o filme ainda apresenta uma excelente ambientação na construção de um universo próprio.
Com uma chuva de referências aos filmes de ação que moldaram Stahelski, o novo capítulo da franquia ainda tem fôlego para e entregar cenas muito bem coreografadas e bem filmadas, assim como escalonar os desafios com muito senso de urgência, fazendo com que o espectador fique na ponta da cadeira.
Nesse capítulo os destaques estão nos coadjuvantes, que são
muito cartunescos e divertidos, mesmo sem muito nexo da maneira que foram
apresentados, mas que entregam uma narrativa muitíssimo divertida, mesmo que
inchada e que quase canse no terço final.
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