terça-feira, 21 de março de 2023

JOHN WICK 4: BABA YAGA – ainda há espaço para o cinema de ação | CRÍTICA

 


Quarto capítulo da saga John Wick ainda traz inovações, mesmo que megalomania comece a pesar a mão através dos infinitos desafios do protagonista.


É inegável a influência de John Wick no cinema de ação a partir do seu lançamento, em 2014. O filme inicialmente tinha o título de "De Volta ao Jogo", mas logo depois a franquia teve que ser rebatizada no Brasil e se render ao título original. O sucesso sem pretensão de público e crítica deram luz verde para uma continuação ao mesmo tempo em que buscava-se entender o motivo do sucesso repentino. O co-diretor do primeiro filme, David Leitch, teve vários projetos pela frente e deixou sua marca em franquias como Deadpool e no spinoff de Velozes e Furiosos, porém Chad Stahelski se manteve como o principal criativo na franquia John Wick e foi com o segundo filme, já sem a companhia de Leitch, que vimos o fenômeno ganhar corpo. Com John Wick: Um Novo Dia Para Matar o personagem entrou de vez na cultura pop ao se tornar uma reunião de gerações de astros de ação com um estilo de combate totalmente diferente. A mitologia da série também se expandiu e com isso trouxe toda uma nova estética para os novos capítulos.

Hoje em Hollywood os filmes de ação têm uma missão muito difícil: criar coreografias de luta que sejam inventivas e muito bem treinadas. Os cortes múltiplos que a saga Bourne trouxe foram ultrapassados graças a nova geração de diretores que vieram do setor de dublês.

O 4° capítulo chega com a maior distância em relação ao anterior da franquia, ao mesmo tempo em que prometia ser o maior, tanto em duração quanto em escala e isso parece ter sido cumprido.

Na trama acompanhamos a continuação da perseguição a John Wick, que tem sua cabeça valendo mais de US$ 18 milhões, mas agora ele encontrou um oponente que não visa o dinheiro da recompensa, mas sim a honra da Cúpula ao derrotar Wick.

Logo nos primeiros minutos temos estabelecido que o vilão, o Marquês de Gramont (Bill Skarsgård) contrata Caine (Donnie Yen) para a missão mais difícil da vida do mercenário e isso é uma das melhores coisas da franquia. Uma simples citação ao nome de Wick traz desespero aos inimigos, a menos que eles sejam muito badasses.

Com uma narrativa que parece de videogame (no melhor sentido do termo), onde Wick vai passando por fases e encontra missões paralelas para cumprir, o roteiro se torna confuso e truncado, deixando que em alguns momentos a edição não queira cortar as grandes setpieces de ação e assim deixe o filme inchado. Apesar do excelente ritmo, tem uma hora que o filme ameaça ficar enfadonho, mas logo retoma uma cena espetacular e prende a atenção novamente. Com uma fotografia e um design de produção que almejam ser mais artísticos do que precisavam o filme ainda apresenta uma excelente ambientação na construção de um universo próprio.


Com uma chuva de referências aos filmes de ação que moldaram Stahelski, o novo capítulo da franquia ainda tem fôlego para e entregar cenas muito bem coreografadas e bem filmadas, assim como escalonar os desafios com muito senso de urgência, fazendo com que o espectador fique na ponta da cadeira.

Nesse capítulo os destaques estão nos coadjuvantes, que são muito cartunescos e divertidos, mesmo sem muito nexo da maneira que foram apresentados, mas que entregam uma narrativa muitíssimo divertida, mesmo que inchada e que quase canse no terço final.



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