quarta-feira, 21 de setembro de 2022

NÃO SE PREOCUPE, QUERIDA – quando o making of é melhor que o filme | CRÍTICA


Novo longa de Olivia Wilde é lançado sob uma montanha de polêmicas e soa como mais do mesmo após produções de ficção científica com viés contestador da tecnologia.

O filme conta a história de Alice Chambers (Florence Pugh) e Jack Chambers (Harry Styles), um casal que vive em um subúrbio dos anos 60 e vive uma vida comum, mas acontecimentos estranhos começam a impactar a percepção de Alice sobre o local onde eles vivem.
 

Não Se Preocupe, Querida (Kill Your Darlings, no original) é daqueles casos que provam que apenas tecnicidade não constroem um bom filme. Aqui a fotografia (Matthew Libatique) é brilhante e ensolarada, perfeita em cada detalhe. A trilha sonora (John Powell) é uma das melhores do ano, sem nenhuma dúvida. A direção tem momentos muito bons em sequencias lisérgicas e de ação. Mas então, por que Não se Preocupe, Querida não funciona?

Primeiro, é importante dizer que é impossível desassociar os bastidores com o que é visto em tela. O filme está cercado de polêmicas e algumas delas impactam diretamente no que vemos, como é o caso da já parodiada atuação de Harry Styles, mas não é só ele que está péssimo no filme. Até Chris Pine e Olívia Wilde estão irreconhecíveis nos papéis. O que salva o elenco todo de estar ridículo é Florence Pugh, que entrega uma atuação de alto nível, como faz em praticamente tudo. Não é de graça que as polêmicas afetaram o clima, porque ir ver esse filme sabendo de tudo o que rolou é como ir a um aniversário em que alguém se acidenta e deixa o clima lá embaixo.

Segundo, o timing de lançamento desse filme acaba deixando com que a história já esteja velha, antes mesmo de sair para o grande público. O roteiro, que foi super elogiado, deve ter agradado alguém que não assistiu produções audiovisuais na década de 2010.


Se eu já tinha tido problemas com Booksmart, primeiro filme de Wilde, agora, ele parece uma cartilha de iniciação para o que vemos nesse lançamento. Em seu primeiro longa, a diretora entregava uma série de boas ideias, mas que faltava algo para elas se colarem e contarem uma boa unidade narrativa. Aqui, tem ideias muito interessantes tecnicamente e depois de um certo momento o filme acelera sem parar jogando tudo o que tinha na mão para ver se atinge alguém, sem sucesso.

A união dos atos é bagunçada e, quando você olha no relógio, faltam poucos minutos e muito o que desenvolver, por isso, o terceiro ato é uma baderna imensa, com correria e um clímax meio chocho, onde você já sabe o que vai acontecer.


O problema de tudo é que filmes com ideias originais, sem franquias ou adaptações geralmente não ganham o tamanho de exposição que esse aqui recebeu, mas, sendo um filme mediano para baixo, é provável que a bilheteria não corresponda as expectativas e a Warner invista ainda menos nessa categoria de produções.

Não se Preocupe, Querida soa como um Black Mirror genérico, onde a virada do fim parece ser óbvia desde os primeiros momentos do filme. Mesmo que você não adivinhe todos os detalhes do plot twist é fácil definir que há algo ali que se relacione com lavagens cerebrais.

Em um universo muito mais rico sendo produzido na televisão com séries como Tales From the Loop, Electric Dreams e a própria Black Mirror, o filme seria muito mais interessante se fosse lançado nos anos 90.


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