terça-feira, 6 de setembro de 2022

MEN – Entre traumas e fracas alegorias | CRÍTICA


Ao utilizar traumas como alegoria, Men - Faces do Medo, novo filme de Alex Garland, aposta no surrealismo para tentar emular a mente de alguém que teve problemas recentes, mas se perde ao estabelecer crítica rasa e óbvia aos problemas da masculinidade.

Alex Garland é daqueles criadores de Hollywood que surgem arrebatando plateias com um pequeno projeto independente e logo chamam a atenção para o potencial que podem alcançar ao serem bancados por um grande estúdio. Não é de graça que Garland tenha recebido holofotes ao entregar para o mundo o ótimo Ex-Machina (2014) e logo após emendar com o enigmático Aniquilação, que gerou muitas discussões sobre os significados da obra. Desde então, ele dirigiu todos os episódios da muito elogiada minissérie Devs e a esperada parceria com a produtora A24 chegaria com Men.

O filme conta a história de Harper (Jessie Buckley, A Filha Perdida), que, após viver um grande trauma com o ex-marido, decide ir para uma casa afastada afim de procurar refúgio. Lá, ela encontra o caseiro Geoffrey (Rory Kinnear) e outros homens que tendem a trazer muito mais problemas do que ela imaginaria.

Men não se trata de um filme comum, muito por conta do surrealismo que trata sua narrativa. Todos os homens da pacata cidade em que Harper decide ficar são interpretados por um mesmo ator e isso nos traz um desconforto imediato, deixando muitas cenas tensas e o tom de suspense muito interessante para a obra.



O problema, porém, é que o filme não se contenta em entregar algo que havia sido estabelecido anteriormente e a clara alusão ao trauma através de uma alegoria cinematográfica se mantém óbvia demais para que haja algum choque de verdade.

O terceiro ato é repleto de bizarrices gráficas que só servem como escape para tudo o que foi dito anteriormente, com alusões que fazem os mais céticos até revirarem o olho, de tão bobas.

As alegorias vistas aqui são tão excessivas que chegam a ser uma ofensa em determinados momentos, onde a cafonice impera e impede de algum.

É até irônico que os três filmes de Garland sejam sobre mulheres, mas apenas sob o enfoque do abuso e da luta para fugir do trauma, então soa como um homem querendo dizer “olha como os outros homens são ruins com vocês” para as mulheres. O que, em 2022, eu dispenso.

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