quarta-feira, 28 de setembro de 2022

A QUEDA – escalada de escolhas erradas | CRÍTICA


Novo filme do diretor canastrão Scott Mann dá vertigem e tontura, não por causa da maneira que filma, mas sim por conta da direção, roteiro e atuações fracas.


O filme conta a história de duas melhores amigas escaladoras Becky (Grace Fulton) e Hunter (Ginny Gardner) que decidem escalar uma antena a centenas de metros de altura. Até que se encontram presas e isoladas a quilômetros do chão, para sobreviverem será necessário usarem todos os seus dons e instintos de sobrevivência.

Um dos pontos mais importantes de uma narrativa são os personagens e no cinema boa parte dessa identificação se dá pelas atuações. Nesse caso elas incomodam desde os primeiros minutos. É impressionante o quanto a dupla de amigas está mal, chegando a doer em muitos momentos.

Não dá para entender muito bem o que a direção quer dizer com tantos closes e planos fechados quando a ideia do filme é justamente colocar em perspectiva o desafio da altura. Qualquer vídeo de parkour russo é muito melhor filmado que os melhores takes desse filme. Não sei se o diretor entende a diferença entre verticalidade e horizontalidade, porque aqui vemos muito mais panorâmicas para explorar a dimensão da torre do que plongés que destaquem a altura do edifício.

 


Quando o filme chega no segundo ato é aí que o martírio (para o espectador) começa. Nada aqui prende a atenção, as tentativas fracassadas de se salvar são enfadonhas e o filme fica muito arrastado, sendo quase injustificável durar mais de 1 hora e 20 minutos.

Depois de um certo ponto o filme se torna apenas um suspense de sobrevivência, quase como um 127 horas genérico, perpassando os traumas das personagens e criando uma sucessão de falsas esperanças, algumas bem idiotas, inclusive.

O que há de maior mal gosto, porém é como são tratados corpos e sofrimentos, completamente desnecessários e sádicos, sem utilizar nada disso para evoluir a narrativa. Depois que descobri que usaram deepfake para retirar mais de 30 palavrões para o filme não ficar com censura nos EUA eu entendi ainda menos a necessidade de mostrar violência sem propósito.

 


A Queda é daqueles filmes b que inexplicavelmente chegam ao circuito brasileiro em detrimento de vários lançamentos muito mais aguardados. Um filme b que não oferece nem diversão nem cenas empolgantes, apenas uma filosofia barata que no final nem faz sentido. “Tente vencer seus medos e passe pelo maior trauma da sua vida”.

2022 não está sendo fácil, mas com certeza A Queda é uma das grandes bobagens que ganham estreia no circuito de cinemas.

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