quarta-feira, 10 de agosto de 2022

A FERA – digno de Super Cine | CRÍTICA


A Fera (Beast, no original)
é daqueles filmes que lembram uma história pulp, não tanto pelo que inspiraram essas histórias, mas pelo fator descartável desse tipo de literatura – e, assim, como produção cinematográfica. 

Antes da popularização dos streamings e da TV por assinatura no Brasil existia uma categorização de assistir aos lançamentos e já imaginar qual seria a sessão de filmes em que ele seria exibido. Os grandes lançamentos passam na Tela Quente, os filmes para a família passam na Temperatura Máxima e os suspenses de qualidade duvidosa passam no Super Cine. A Fera é um daqueles que no trailer você já nota uma carinha de Super Cine, que é mais violento que o normal, mas sem grife suficiente para ser uma das grandes estreias. Se A Fera não tivesse Idris Elba em seu elenco ele ficara relegado a patamares ainda mais baixos de prestígio, porém com um dos principais nomes de Hollywood no momento o seu material parece ser mais importante do que é.

O filme conta a história da viagem do médico Nate (Elba), com a família para resgatar as origens da mãe de suas duas filhas, o que ele não espera é que no safari ele vai encontrar um leão que foge do padrão de comportamento de todos os outros animais da região.

Essa sinopse se assemelha muito aos contos pulp do início do século 20, onde a colonização da África subsaariana era parte do imaginário ocidental e rendeu personagens como Tarzan, que sobrevivem até hoje. A ideia de encontrar feras sobre-humanas permaneceu na cultura pop até a corrida espacial, onde o interesse não foi mais desbravar as florestas, mas sim o espaço.

 

Até por essa história característica de um tempo passado, o filme parece deslocado dos tempos atuais e, por mais genérica que seja a trama, ela não se propõe a ser nada mais que isso. É até engraçado como o diretor Baltasar Kormákur (Everest) tenta elevar o material técnico que tem em mãos ao colocar vários planos-sequência em cenas banais, que não tem propósito narrativo na maioria das vezes.

Chega a ser cômico como os outros atores do filme assumem uma postura canastrona, seja proposital ou não, de forma que quase assumem que o material é de qualidade discutível mesmo e vão seguir a proposta.

Sem uma grande identidade visual ou algo que chame a atenção, os efeitos dos leões estão bem realizados, mas nada que seja marcante. Outros aspectos técnicos também não chamam a atenção positiva ou negativamente.

 

O filme ser lançado nos cinemas hoje em dia parece muito justificável apenas pelo fato do estúdio (Universal Pictures) não ter um serviço de streaming próprio para lançar. Talvez até tenha algum público que seja atraído pelo protagonista, mas, de maneira geral, parece que temos opções melhores para hoje.

Tudo aqui é esquecível, sem muita profundidade, tal qual um daqueles filmes que passam de madrugada na televisão. Acho que, daqui a uns 3 anos, eu vou chegar tarde em um sábado, me sentar no sofá e dar de cara com esse filme. 


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