É interessante notar que, pelo menos no circuito brasileiro, o ano de 2018 começou e se encerra com dois filmes franceses que passaram pelo Festival de Cannes e que também partilham de temas similares – relações homoafetivas e sorodiscordantes em pleno início da década de 1990, quando alegrias e sonhos eram interrompidos com os efeitos devastadores da AIDS. Assim, se 120 Batimentos Por Minuto conferia um estilo semidocumental ao retrato dos jovens militantes do Act-Up daquela época, Conquistar, Amar e Viver Intensamente preocupa-se em ser uma grande crônica que esbanja intelectualismos culturais nem sempre orgânicos à narrativa.
Dirigido e roteirizado por Christophe Honoré (As Canções do Amor), Plaire, aimer et courir vite (título original) sumariamente conta a história de Jacques (Pierre Deladonchamps) e Arthur (Vincent Lacoste); o primeiro, um escritor parisiense soropositivo, pai do menino Loulou e passando por um bloqueio criativo, vai a trabalho para a costa oeste francesa e acaba conhecendo o jovem estudante em meio a uma sessão de O Piano e, da troca de olhares e carícias entre conversas subsequentes, surge um ímpeto em estar próximo do outro enquanto ambos procuram resolver seus dilemas amorosos (e carnais) em tempo de conviver com aqueles cujo prazo de vida se extingue e se vê na fraqueza dos corpos.
Adotando uma decupagem econômica cujos planos mais fechados procuram nos tornar íntimos daqueles personagens, o filme em si é um deleite para os apreciadores de artes recatadas e endossadores do cinema queer. Do texto existencialista (com direito a reflexões psicanalíticas) repleto de citações a artistas literários e daí para ícones como François Truffaut e, sobretudo, Rainer Werner Fassbinder (em uma referência de estilo que vai além daquele pôster de Querelle feito por Andy Warhol), uma fria paleta de cores de tons azulados é evidente entre as cenas, até mesmo naquelas em que as relações sexuais são quase de desprovidas de uma erotização clichê.
De tanto divagar em suas referências e num texto muito do introvertido apesar de seu liberalismo sexual retratado, ainda que seja esperto ao privar seu público de um final infeliz, Conquistar, Amar e Viver Intensamente, no entanto, acaba cansando o espectador que frustra em ter que ver mais outra representação onde homens gays pareciam ser os únicos transmissores do vírus HIV. Patologia a parte, a mensagem que fica é que observar a vida e a arte, mesmo que por uma janela, sempre será uma bela forma de escape.
Dirigido e roteirizado por Christophe Honoré (As Canções do Amor), Plaire, aimer et courir vite (título original) sumariamente conta a história de Jacques (Pierre Deladonchamps) e Arthur (Vincent Lacoste); o primeiro, um escritor parisiense soropositivo, pai do menino Loulou e passando por um bloqueio criativo, vai a trabalho para a costa oeste francesa e acaba conhecendo o jovem estudante em meio a uma sessão de O Piano e, da troca de olhares e carícias entre conversas subsequentes, surge um ímpeto em estar próximo do outro enquanto ambos procuram resolver seus dilemas amorosos (e carnais) em tempo de conviver com aqueles cujo prazo de vida se extingue e se vê na fraqueza dos corpos.
(© Imovision/Divulgação) |
Adotando uma decupagem econômica cujos planos mais fechados procuram nos tornar íntimos daqueles personagens, o filme em si é um deleite para os apreciadores de artes recatadas e endossadores do cinema queer. Do texto existencialista (com direito a reflexões psicanalíticas) repleto de citações a artistas literários e daí para ícones como François Truffaut e, sobretudo, Rainer Werner Fassbinder (em uma referência de estilo que vai além daquele pôster de Querelle feito por Andy Warhol), uma fria paleta de cores de tons azulados é evidente entre as cenas, até mesmo naquelas em que as relações sexuais são quase de desprovidas de uma erotização clichê.
De tanto divagar em suas referências e num texto muito do introvertido apesar de seu liberalismo sexual retratado, ainda que seja esperto ao privar seu público de um final infeliz, Conquistar, Amar e Viver Intensamente, no entanto, acaba cansando o espectador que frustra em ter que ver mais outra representação onde homens gays pareciam ser os únicos transmissores do vírus HIV. Patologia a parte, a mensagem que fica é que observar a vida e a arte, mesmo que por uma janela, sempre será uma bela forma de escape.
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