quarta-feira, 14 de junho de 2017

Tudo e Todas As Coisas | CRÍTICA


É natural e economicamente compreensível quando os estúdios de Hollywood costumam seguir as tendências literárias e suas devidas adaptações para as telas do cinema, da TV e até mesmo do streaming. Deu certo com A Culpa É Das Estrelas e Como Eu Era Antes de Você, mas agora, com Tudo e Todas As Coisas, a adaptação do patológico romance juvenil da vez culmina em uma banal espetacularização onde dos riscos da enfermidade em questão causam sequelas apenas aos seus espectadores.


A narrativa, inspirada no best-seller escrito por Nicola Yoon, conta a história de Madeline (Amanda Stenberg, Jogos Vorazes), uma jovem com 18 anos recém-completos que jamais saiu de casa durante toda a sua vida. Diagnosticada com imunodeficiência combinada grave, o simples contato com qualquer coisa externa e não esterilizada poderia colocar sua vida em risco fatal e, para isso, sua riquíssima mãe e médica (Anika Noni Rose) sempre lhe ofereceu as melhores condições dentro de casa, sendo sua formação escolar dada via Internet, onde se ocupa como resenhista de livros. Se tem contato com outras pessoas, é apenas com sua enfermeira e a filha desta, mas é com a chegada de um curioso rapaz numa casa vizinha que Maddy se sente tentada a viver o que nunca experimentou até então, tão logo começando a trocar olhares pela janela e, a partir daí, mensagens e conversas por celular. Com os hormônios à flor da pele, obviamente, Maddy e Olly (Nick Robinson, Jurassic World) esperam se conhecer – e se tocar – de perto e em condições favoráveis.


Se é culpa do livro de Yoon (o qual não li e provavelmente ficará por isso) ou do roteiro de Mills Goodloe (A Incrível História de Adaline), a direção de Stella Meghie resulta em um filme deveras claudicante. Ainda que a casa hermeticamente fechada pareça coisa de ficção científica e que os grafismos em tela proporcionem um quê de inédito ao fazer um diagrama animado sobre a doença ou para expor as conversas nos celulares, falta ao filme e aos atores (todos, sem exceção) maior coesão em sua dinâmica comprometida com uma edição irregular, por vezes surgindo com ações vagas e diálogos tão ruins que seria melhor até se o filme fosse inteiramente narrado, tal como começou. A decupagem das cenas também não ajuda muito, inserindo um suspense previsível que só movimenta a dupla principal buscando efetivar sua história de amor com situações gradativamente absurdas, como se fosse perfeitamente natural adquirir um cartão de crédito na Internet e sair comprando viagens luxuosas por aí.


Reticente em abraçar um destino mais trágico aos seus protagonistas, presumindo que seu público só merece conhecer as dores do primeiro amor e uma enxurrada de músicas na trilha sonora a partir da segunda metade do longa, Tudo e Todas As Coisas (Everything Everything) tem carisma e um ou outro momento engraçadinho como qualquer outro filme de romance jovem-adulto, mas é com a soma de seus deméritos que fica o sentimento de que a obra nunca deveria ter saído de suas páginas impressas, sem precisar de prescrição médica para admitir isso.



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