quarta-feira, 7 de junho de 2017

Paris Pode Esperar | CRÍTICA


Convenhamos, nunca é cedo ou tarde demais para se ter novas experiências, seja lá onde elas venham a acontecer. Para Eleanor Coppola, foi aos oitenta anos que a esposa daquele que dirigiu grandes clássicos modernos como O Poderoso Chefão decidiu ter sua primeira experiência cinematográfica com uma narrativa ficcional após décadas passadas vendo sua família prosperar na área e, obviamente, recebendo seus devidos méritos, com sua filha Sofia recentemente premiada por Melhor Direção com o vindouro O Estranho Que Nós Amamos no Festival de Cannes. Não por menos, é na cidade litorânea francesa que a estreante diretora, produtora e roteirista situa o início de Paris Pode Esperar, uma história agradável para quem adora filmes com uma prazerosa turnê pela França.


Inspirada em acontecimentos reais após uma passagem pelo glamuroso festival francês, Eleanor apresenta a história de Anne Lockwood (Diane Lane), esposa de um atarefado produtor de Hollywood (vivido por Alec Baldwin) que espera encontrar na viagem pela Europa um momento a sós para ele, ainda mais com vinte anos de casados e uma família já cursando a faculdade. No entanto, Michael não desgruda do celular, resolvendo aqui e acolá os impasses de produção de um novo filme e mal se dá conta que Anne está com dor nos ouvidos e, assim, impedida de viajar para o próximo destino do casal com o jatinho particular. A solução, por sorte, não demora a aparecer: um colega de trabalho de Michael, o galante Jacques (Arnaud Viard), se oferece para conduzir a Sra. Lockwood até Paris numa viagem que se estende mais do que o esperado, mas que também traz um novo sentido à vida da americana.


Com uma direção segura, Coppola nos guia por um roteiro cultural elegante e saboroso por várias cidades francesas, parando aqui e acolá para apresentar ora fatos históricos (o aqueduto e a tradição vinícola herdada dos romanos, o museu em Lyon sobre os irmãos Lumière) ora especialidades gastronômicas que abusam da degustação de vinhos e demais pratos locais. No meio de tudo isso, a roteirista tece a comédia romântica do filme que, embora não deixe de ser sedutora diante das várias gentilezas de Jacques, infelizmente, se torna sua parte mais reticente. A fim de mover a trama, há breves momentos de conflitos que põem em xeque o casamento dos Lockwood e até mesmo ao francês lhe é imbuído a aura típica de sedutores golpistas, gerando um suspense que aumenta nossa desconfiança ao personagem da mesma forma que as contas nos restaurantes.

Descompromissado e longe de fomentar qualquer tipo de problematização, Paris Can Wait (no título original) é um programa gracioso cuja narrativa leve diverte nas ocasiões adequadas e que acresce nosso conhecimento durante a viagem, por mais que haja uma valorização arrojada aos costumes franceses. Refletindo sobre a passagem de Anne na igreja de Vézelay e outros momentos, nem sempre é preciso dinheiro e elegância de sobra para apreciar o que a vida tem a oferecer sem se culpar por isso.





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