quinta-feira, 7 de maio de 2015

O Exótico Hotel Marigold 2 | CRÍTICA


Os primeiros hóspedes do Exótico Hotel Marigold nos mostraram que, mesmo estando com idade avançada, há muito o que se fazer e aproveitar com o que a vida pode nos oferecer. Reencontrar um antigo amor ou descobrir uma nova paixão, sentir-se capaz de desempenhar um novo ofício e até mesmo passar a gerenciar o falido hotel, abandonando o clima chuvoso da Inglaterra. Tudo isso em meio a tumultuada e alegre cultura da Índia. Mais do que bem acomodados no seu novo lar, os simpáticos velhinhos e seu descomedido gerente encaram novas mudanças no igualmente agradável, mas excessivo, O Exótico Hotel Marigold 2 (The Second Best Exotic Marigold Hotel).



Sonny (Dev Patel) e a Sra. Donnelly (Maggie Smith) estão nos Estados Unidos em busca de investidores para abrir uma nova unidade de seu respeitoso, ainda que singelo, hotel voltado para a "melhor idade". Só as ironias ríspidas de Smith com o humor nada econômico de Patel proporcionam boas risadas neste início, e a coisa só melhora quando a dupla retorna para a Índia, ansiosos pelo que está por vir: o casamento de Sonny com Sunaina (Tina Desai). A meiga Evelyn Greenslade (Judi Dench) revela ser uma ótima compradora de tecidos para exportação e sua chefe oferece uma oportunidade de carreira para a senhorinha, mexendo cada vez mais com o coração de Douglas Ainslie (Bill Nighy) que, por sinal, virou um guia turístico meio duvidoso. Os demais hóspedes permanentes seguem em seus dilemas amorosos: a acalorada Madge Hardcastle (Celia Imrie) se coloca num lucrativo e indeciso triângulo amoroso, já o casal formado por Carol Parr (Diana Hardcastle) e Norman Cousins (Ronald Pickup) vivem, respectivamente, um aberto e protetivo romance. Quem é novidade no hotel, então, é o charmoso Richard Gere vivendo Guy Chambers, um escritor em busca de inspiração que Sonny insiste em confundi-lo com um dos avaliadores que a companhia americana enviaria para o Marigold.


Comum entre as continuações dos filmes, e isso pode ser um mau motivo, é uma necessidade de expansão de ações para todos os personagens principais. Não o bastante, o diretor John Madden e o roteirista Ol Parker entendem que até os coadjuvantes merecem um tempo de tela considerável, mas nem é sempre que cada acontecimento ali tem alguma importância para a trama principal ou se realmente tem alguma graça, chegando até mesmo a atrapalhar as linhas das atrizes mais fortes ali, Dench e Smith (essa, infelizmente, tendo que carregar um drama mais pesado e pouco compreensível). É um vai-e-volta na montagem que, se não fossem as etapas do casamento em questão estabelecendo cada ato, pareceria uma narrativa interminável e cada vez menos interessante.


É claro que há um número de trocadilhos e piadas divertidas no texto dignas de risadas gostosas e o já tradicional deleite turístico por meio das várias imagens de cores vívidas e os dias ensolarados habituais do país, além das consideráveis, ainda que genéricas, reflexões sobre a vida. No entanto, tudo parece simplificado, subestimando seus espectadores (não vejo uma produção voltada apenas para idosos) e até seu elenco. Mesmo que o cinema de Bollywood ensine em seus milhares de títulos que tudo acaba na alegria contagiante da dança, como vem a acontecer neste caso, O Exótico Hotel Marigold 2 comete o equívoco de não se aproveitar de sua frase de efeito mais forte e, lembrando de uma determinada cena, se torna o vinho misturado em água, cujo sabor final deveria ser mais exótico e menos amargo.


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