Para começar, confesso que chorei vendo Divertida Mente 2 – e isso pode ser um bom sinal para você que está lendo este texto e na ansiedade por saber se a Pixar deu a volta por cima após alguns lançamentos que, dizem por aí, não emplacaram no gosto popular. Portanto, verdade seja dita: por mais que a narrativa pareça mais inclinada ao público adolescente no acompanhamento de sua protagonista, a aventura segue cativante e não compromete em nada as boas memórias que temos com o original lá de 2015.
(© Disney-Pixar/Reprodução) |
A cada cena que passa e a cada engraçadíssima interação das conhecidas Alegria (Miá Mello), Tristeza (Katiuscia Canoro), Raiva (Leo Jaime), Medo (Otaviano Costa) e Nojinho (Dani Calabresa) com as recém-chegadas Ansiedade (Tatá Werneck), Vergonha (Fernando Mendonça), Inveja (Gaby Milani) e Tédio (Eli Ferreira), mais o roteiro se demonstra certeiro em seu conto sobre uma fase da vida em que a tomada de decisões se faz turbulenta ou, por vezes, a favor do agrado alheio. O público adulto ficará sentido quando temas como amizade e gostos particulares vem à tona em suas rememorações de acontecimentos similares em suas vidas; ao mais jovens, a narrativa há de servir como um conselho carinhoso para aproveitar essa fase da vida por mais que os sentimentos se extrapolem no caminho.
(© Disney-Pixar/Reprodução) |
O que é agradável de acompanhar em Divertida Mente 2, além de sua narrativa mais sucinta ao não ter o mesmo trabalho de apresentar todo aquele universo complexo que é a mente humana, é notar as investidas propositais do estúdio em estilos de animação considerados obsoletos logo quando a Pixar é incansável no quesito hiper-realismo, ainda mais quando títulos como Homem-Aranha no Aranhaverso (e sua maravilhosa continuação), O Gato de Botas 2 e O Menino e A Garça se destacaram em suas inovações artísticas a favor da narrativa. Impossível não destacar um ajudante de desenho bidimensional e um personagem em 3D tosco que provocam várias risadas, isso sem contar na caracterização certeira das novas emoções.
(© Disney-Pixar/Reprodução) |
Entretanto, o maior destaque da animação é como o roteiro lida com a Ansiedade, essa emoção que está se tornando um mal do século (e me deixando irrequieto em um ano em que nenhum esforço está dando certo até o momento). A necessidade de pré-visualizar todos os cenários possíveis de uma determinada situação, o comportamento agitado e a compulsão num nível quase Flash Reverso (há uma cena em que o comportamento das personagens se assemelha). É difícil acreditar que tudo ficará bem quando nada parece atestar isso, mas o filme dá um bom e singelo recado: se apegar às próprias convicções e sem se cobrar demais é o melhor caminho – e que bom que temos outras emoções para ajudar nisso.
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