quinta-feira, 20 de junho de 2024

DIVERTIDA MENTE 2 – sem se cobrar tanto, entrega muito | CRÍTICA

 

Para começar, confesso que chorei vendo Divertida Mente 2 – e isso pode ser um bom sinal para você que está lendo este texto e na ansiedade por saber se a Pixar deu a volta por cima após alguns lançamentos que, dizem por aí, não emplacaram no gosto popular. Portanto, verdade seja dita: por mais que a narrativa pareça mais inclinada ao público adolescente no acompanhamento de sua protagonista, a aventura segue cativante e não compromete em nada as boas memórias que temos com o original lá de 2015.


Compreendendo um bom e entusiasmado resumo contando as experiências de Riley desde o final de Divertida Mente, o filme agora dirigido por Kelsey Mann (responsável pela direção do curta Central da Festa e pelo roteiro de O Bom Dinossauro) concentra-se em um momento potencialmente decisivo para o futuro da garota, que demonstra boa aptidão no esporte e agora tem duas melhores amigas. Como todo início de adolescência demanda, esse vai ser um período em que as emoções afloram de forma desengonçada, seja no ambiente familiar, na demonstração de garra para impressionar a técnica do hockey mas, principalmente, nas tentativas de se aproximar e ser aceita pelas meninas do Ensino Médio. 


(© Disney-Pixar/Reprodução)


A cada cena que passa e a cada engraçadíssima interação das conhecidas Alegria (Miá Mello), Tristeza (Katiuscia Canoro), Raiva (Leo Jaime), Medo (Otaviano Costa) e Nojinho (Dani Calabresa) com as recém-chegadas Ansiedade (Tatá Werneck), Vergonha (Fernando Mendonça), Inveja (Gaby Milani) e Tédio (Eli Ferreira), mais o roteiro se demonstra certeiro em seu conto sobre uma fase da vida em que a tomada de decisões se faz turbulenta ou, por vezes, a favor do agrado alheio. O público adulto ficará sentido quando temas como amizade e gostos particulares vem à tona em suas rememorações de acontecimentos similares em suas vidas; ao mais jovens, a narrativa há de servir como um conselho carinhoso para aproveitar essa fase da vida por mais que os sentimentos se extrapolem no caminho.


(© Disney-Pixar/Reprodução)

O que é agradável de acompanhar em Divertida Mente 2, além de sua narrativa mais sucinta ao não ter o mesmo trabalho de apresentar todo aquele universo complexo que é a mente humana, é notar as investidas propositais do estúdio em estilos de animação considerados obsoletos logo quando a Pixar é incansável no quesito hiper-realismo, ainda mais quando títulos como Homem-Aranha no Aranhaverso (e sua maravilhosa continuação), O Gato de Botas 2 e O Menino e A Garça se destacaram em suas inovações artísticas a favor da narrativa. Impossível não destacar um ajudante de desenho bidimensional e um personagem em 3D tosco que provocam várias risadas, isso sem contar na caracterização certeira das novas emoções.


(© Disney-Pixar/Reprodução)

Entretanto, o maior destaque da animação é como o roteiro lida com a Ansiedade, essa emoção que está se tornando um mal do século (e me deixando irrequieto em um ano em que nenhum esforço está dando certo até o momento). A necessidade de pré-visualizar todos os cenários possíveis de uma determinada situação, o comportamento agitado e a compulsão num nível quase Flash Reverso (há uma cena em que o comportamento das personagens se assemelha). É difícil acreditar que tudo ficará bem quando nada parece atestar isso, mas o filme dá um bom e singelo recado: se apegar às próprias convicções e sem se cobrar demais é o melhor caminho – e que bom que temos outras emoções para ajudar nisso.



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