É verdade que o cinema de Hayao Miyazaki detém um magnetismo em suas animações que acompanha a complexidade de suas narrativas, sejam elas originais ou adaptadas, que justifica seu êxito de mais de quarenta anos por mais que essas histórias, no fundo, sejam bastante parecidas entre si. A solitude de suas personagens (a maioria, traumatizadas), a profusão de cores, o maravilhamento pelo que é estranho, a representação de arquétipos e metáforas que não esmaecem seu brilho mesmo quando as obras são revisitadas fazem com que o Studio Ghibli dispense tendências ocidentais e, para a calma e alegria dos fãs, O Menino e A Garça é mais outro bem-vindo acerto de Miyazaki.
(Studio Ghibli/Sato Company/Divulgação) |
O tom de fábula similar ao de A Viagem de Chihiro e com um toque de Alice no País das Maravilhas faz com que toda a terra mágica apresentada não fique relegada ao clichê de pertencer aos sonhos e, se algum momento se faz onírico, Miyazaki trata de discernir tal cena com traços de animação distintos ao restante da narrativa. É também um deleite perceber como o time de animadores demonstra que o desenho bidimensional nunca se tornou um recurso antiquado em sua exposição de sequências de ações intensas, ainda que o roteiro fique claudicando nas pautas trágicas do protagonista.
(Studio Ghibli/Sato Company/Divulgação) |
Divertido e emocionante como pede uma sessão de um título da produtora, sinto que se delongar em citar as demais qualidades de O Menino e a Garça seria atestar obviedades, valendo a pena se atentar aos detalhes que circundam todo o contexto da guerra. Da experiência guardada na memória, fica o resgate ao prazer da juventude e desbravar o desconhecido com a imaginação como a aliada – e como isso é bonito!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.