quinta-feira, 21 de julho de 2022

O TELEFONE PRETO – ligações perigosas | CRÍTICA



Novo filme de terror do diretor Scott Derrickson (Doutor Estranho) retomando parceria com Ethan Hawke (A Entidade), O Telefone Preto traz elementos gráficos e ícones de horror que engrandecem a obra e fazem dela algo acima da média para os últimos lançamentos do gênero.

Antes de abordar o filme em si, é preciso comentar um pouco sobre a forma que O Telefone Preto foi vendido. O material de divulgação teve um pacote trailers que ficaram marcados como um dos filmes que foram mais entregues antes do lançamento na história. Chega a ser chocante o quanto o trailer revela e o quanto o filme realmente caminha na mesma direção, sem nenhum truque ou subversão no meio do caminho. Fica o recado aqui, se você ainda não viu o trailer, não veja, vá ao cinema e preserve sua experiência.

Ao mesmo tempo em que o trailer entrega tudo, o filme também teve um lançamento estranho no Brasil, onde a estreia de fato acontece no dia 21 de julho, mas o filme já roda os cinemas de todo o país com mais de uma semana de antecedência.

Marketing de lançamento de lado, o filme conta a história do garoto Finney (Mason Themes), que vive na cidade de Denver, onde uma série de desaparecimentos de garotos pré-adolescentes começa a tomar tons míticos na cidade e o Sequestrador (Ethan Hawke) começa a ser parte do imaginário popular.

O filme lida com tons metafísicos, mas não torna isso a principal fonte de tensão entre os personagens, o vilão brilhantemente interpretado por Ethan Hawke é bem pé no chão, um homem comum, porém, ao vestir a incrível máscara que estampa todos os pôsteres do filme, ele ganha contornos muito assustadores. São nesses detalhes gráficos que o suspense se modifica e flerta com o terror, que, mesmo tendo algumas cenas bem gráficas de violência, não vai chocar só por isso.

A construção de fábula que esse filme toma é a partir da autoconfiança de um garoto, que constantemente sofre bullying na escola, tem poucos amigos e não se destaca em quase nenhuma atividade, mas soma uma série de pequenos méritos pessoais que vão ajudá-lo durante a jornada contra o vilão do filme. Cada vítima anterior tem sua história contada através do telefone preto, que é outro ícone importante da trama, dessa forma o objeto se torna primordial para a comunicação de Finney com pistas que vão se tornar importantes no ato final, que é até surpreendente até certo ponto, pois retoma elementos que foram espalhados durante todo o filme e acertam em um desfecho muito catártico.

Entre os pontos que menos me agradaram, estão os jump scares, que são construídos da forma mais preguiçosa possível, com o aumento repentino do som e da trilha ao mesmo tempo em que jogam uma imagem de violência gráfica na tela. O lado bom é que são poucos durante os quase 100 minutos de filme. Junto a isso a trama é bem óbvia desde o começo, mas é construída de forma que não pareça tão clara e introduz pequenos elementos que dão uma satisfação na resolução, isso torna o filme muito acima da média em relação a outras histórias de terror lançadas recentemente.

O filme também tem um mérito muito grande ao se passar na década de 70 e não ficar forçando referências o tempo todo. Alguns clássicos são citados, como O Massacre da Sérra-Elétrica, mas não é como se aquilo se tornasse maior do que a história que quer ser contada.

O Telefone Preto atinge seu maior mérito ao pegar alguns dos melhores elementos do suspense e atrelá-los aos ícones de horror que atraem muito a atenção e geram uma dose de desconforto no espectador. Uma boa pedida para tempos tão pouco inventivos no gênero.


Assista por conta e risco o trailer abaixo:




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