quarta-feira, 13 de julho de 2022

ELVIS – brilhos espalhafatosos para o Rei | CRÍTICA


Com um sentido espalhafatoso, Elvis, de Baz Luhrmann (O Grande Gatsby, Moulin Rouge), é um culto ao ícone do rock com a pompa e as lantejoulas necessárias para colocar em tela a magnitude e afetação de um dos maiores símbolos da história da cultura pop.

Diferente de muitos filmes biográficos de músicos que ficaram em voga, principalmente pelo sucesso de Bohemian Rhapsody, Elvis não parte de uma visão própria do cantor para si mesmo, enquanto reflete seus erros e acertos. Aqui temos um início que lembra muito Cidadão Kane, onde Charles Foster Kane é o Coronel Tom Parker (Tom Hanks). A narrativa parte dos olhos do infame empresário e carregam uma dose grande de espetacularização.

Aqui, tocamos no principal e mais alto ponto do filme, a magnitude de suas escolhas visuais. Elvis Presley nunca foi conhecido como simplesmente um cantor, ele era um performer – e o filme alia isso na sua maneira de contar a história. Existem algumas escolhas gráficas sem muito sentido e que soam apenas como uma brincadeira do diretor, mas, em outros momentos, ritmados pela música, o filme literalmente brilha.


Um tópico muito sensível no mundo da música gira ao redor de supostos casos de racismo de Elvis, que conhecidamente era um rosto branco assimilando o ritmo dos negros. O filme não foge das discussões raciais, mas isenta o protagonista de qualquer possibilidade de ser um personagem racista, inclusive incluindo várias cenas de interação de Elvis com outros ícones do R&B. Há também passagens onde os fatos sociais da efervescente década de 60 abalam a visão de mundo do cantor, mas que provavelmente tem pouco embasamento real.

A atuação de Austin Butler (Era Uma Vez Em… Hollywood) é surpreendente, pois seria fácil contratar um imitador de Elvis, mas aqui ele realmente interpreta o papel. Mesmo não sendo tão semelhante fisicamente com o personagem real, ele possui uma performance que o deixa muito parecido, ao ponto de gerar confusão em momentos onde o verdadeiro Elvis aparece e você não sabe se são filmagens originais ou do filme.

Ao longo do filme, é possível ver muito da relação que o cantor tinha com a plateia. Lá, ele incendiava todos e os gritos saíam quase como uma reação involuntária das mulheres próximas ao palco. Aqui, Elvis se sacrificava pelo amor que tinha aos fãs e os fãs enxergavam um ser mítico, que abalava consciências e não os deixava raciocinar direito.


Apesar de sustentar o tom majestoso, o filme também tem problemas, claro. O principal deles é sua duração que, mesmo com um ritmo frenético, ainda sim, torna 2h40 uma metragem muito superior ao que precisava, portanto, alguns momentos demoram para passar e importantes fatos soam como mais um toque no roteiro. O diretor também utiliza uma trilha sonora contemporânea completamente fora do tom, chegando a desviar o foco do filme em vários momentos. Porém, o que mais será discutido como aspecto negativo é a atuação de Tom Hanks, eu jamais imaginei que iria dizer isso, mas o Coronel Tom Parker tem momentos de narração completamente desnecessários, um sotaque sofrível e uma maquiagem muito esquisita – o que não funciona de jeito nenhum.

Com muito brilho, o filme tem um ritmo que até impressiona nos primeiros minutos e eu fiquei pensando "não é possível que o filme vá ser tão acelerado", mas é. O filme sossega pouco mesmo com a longa duração e os menos fãs de musicais podem se perder com tanto lirismo.

O maior mérito de Elvis é encontrar sua proposta e abraçá-la até o fim, mesmo que, para isso, se estenda e encontre notas menores em seu percurso, mas trilhe uma jornada épica e muito satisfatória para fãs e meros conhecedores de uma lenda da música.


Assista ao trailer legendado:



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