Direção dos conterrâneos Diego Lopes e Cláudio Bitencourt, que há mais de uma década se dedicam à realização de audiovisuais em Curitiba pela sua Oger Sepol Produções, Lamento marca a estreia da dupla na realização de longa-metragens com um bom elenco, mas sua narrativa dá ao público uma experiência agonizante sobre tempos difíceis.
O protagonismo apático poda qualquer tipo de envolvimento com o espectador, que deve se sentir vencido pelo cansaço logo no primeiro terço do longa. A jornada decadente de Elder é previsível: a fixação por uma mulher mais jovem e atraente do que sua esposa, o consumo de drogas e psicoses consequentes. É difícil estimar pelo personagem uma vez que as únicas boas relações que tem são com funcionários e ainda via incidentes tão corriqueiros; noutros, aflitivos. Na maioria das vezes, buscamos na ficção personagens que nos levantem e nos satisfaçam temporariamente com suas devidas catarses a fim de escapar de uma realidade terrível, mas isso não acontece aqui.
Ocasionalmente confuso, o filme encontra seus méritos na montagem de Claudio Bitencourt e na direção de fotografia de Felipe Meneghel, que, ao meu ver, tendem a replicar a atmosfera sufocante das produções de David Lynch nos anos 2000 (o que se faz interessante), mas sem os dois pés na estranheza ímpar da filmografia do cineasta. Acertando também na personificação do hotel, Lamento pode não ser um filme fácil a julgar por sua temática, mas deixa evidente a intenção da dupla de cineastas em seguir contando histórias instigantes.
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