sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Invasão Zumbi | CRÍTICA


Afinal, o que é tão fascinante em filmes de zumbis? Seja pela adrenalina proporcionada pela correria dos protagonistas em escapar ilesos entre tantos apocalipses de mortos-vivos já vistos em uma boa variedade de títulos lançado ao longo de décadas, o gênero está longe de encontrar sua erradicação se depender do apreço do público e de cineastas em busca de reinventar narrativas sem perder o melhor da sua essência. Portanto, assim como as várias marcas globalizadas que aparecem durante a projeção, a epidemia zumbi chega à Coreia do Sul com ótimas sequências de ação justificando seu sucesso.

Em um breve momento de calma após um dos vários episódios estressantes para os passageiros sobreviventes do trem em Invasão Zumbi (Busanhaeng ou Train To Busan, em inglês), o gestor financeiro vivido por Gong Yoo fala para a filha Soo-an (Soo-an Kim) que, em situações como aquela, ela deveria se preocupar apenas consigo ao contrário de ser gentil com os outros; isso logo após a menina ceder seu assento para uma idosa. De fato, correr sozinho sem olhar pra trás é uma vantagem e tanto, mas boa parte dos personagens que acompanhamos ali estão junto de um familiar ou com pessoas com quem convivem diariamente, outros que testemunharam seus amigos serem atacados sem piedade pelos infectados e, ainda no meio dos sobreviventes, há aqueles que pensam da mesma forma que o executivo, senão pior. Uma viagem que revela ter um destino incerto, mas que garante aos passageiros daquele trem uma chance de repensarem nas próprias atitudes e tentar reverter os consecutivos erros do dia-a-dia.




Escrito e dirigido por Sang-Ho Yeon, que estreia na direção de live action após fazer pares de animacões, Busanhaeng se porta informalmente como um filme paralelo aos eventos vistos em Guerra Mundial Z e até mesmo seu prólogo é semelhante aos eventos iniciais do debochado Como Sobreviver a um Ataque Zumbi. É como se Yeon aproveitasse aquela menção sobre o paciente zero do filme com Brad Pitt ter aparecido em algum lugar da Coreia, aproveitando aí a deixa para explorar o catastrófico incidente em seu país e o faz com uma boa execução ao conduzir sua narrativa gradativamente interessante. Não por menos, semelhanças com o longa de 2013 se mostram presentes nas "zumbificações" ocorridas em segundos e a incrível velocidade que atingem quando enxergam carne fresca na área, sem contar na montagem sempre frenética das cenas (que não poupam detalhes) a par da velocidade do veículo que conduz os personagens.


Deixando de lado o velho fetiche cult pelo cinema asiático, o filme se mostra tão empolgante quanto um bom blockbuster genuinamente americano e é eficiente no que tange a sua execução de sequências que vão além da ação e incitam bons momentos de suspense do início até os últimos e comoventes minutos finais, apesar de seus excessos slashers e melodramáticos da metade em diante. Inventivo por adicionar características próprias aos seus zumbis e pelos divertidos estratagemas elaborados pelos personagens a fim de passarem pelos vagões com os mortos-vivos, Invasão Zumbi é uma boa adição ao gênero ainda que, para aqueles que tanto consomem séries, games e quadrinhos relacionados, esteja longe de ser algo completamente inédito.



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