quarta-feira, 30 de outubro de 2024

TODO TEMPO QUE TEMOS – pelas lembranças que ficam | CRÍTICA

Florence Pugh e Andrew Garfield em TODO TEMPO QUE TEMOS

 
Ao meu ver, a beleza de um relacionamento pode ser encontrada na cumplicidade, compreensão e afinidade entre os parceiros não só em momentos de alegria. Todo Tempo Que Temos, novo longa do diretor John Crowley (Brooklyn), reforça a ideia de como até antigas lembranças se tornam um aprendizado e uma força para lidar com dificuldades.


Contada de forma alinear, isto é, com acontecimentos mostrados não necessariamente em ordem cronológica, a trama roteirizada por Nick Payne (A Última Carta de Amor) percorre o relacionamento de Almut (Florence Pugh) e Tobias (Andrew Garfield) que, para muitos, pareceria algo improvável. Premiada chef de cozinha, Almut dificilmente abandonaria a carreira em prol de formar uma família enquanto Tobias passava dias de amargura estando recém-divorciado e com o sonho de ter filhos cada vez mais distante. De um acidente de trânsito que os leva a encontros de noites intensas (sim, há pares de momentos de nudez), o relacionamento dos dois cresce não só com a chegada da filha, mas por todo um processo de apredizado com a conciliação.


Florence Pugh em TODO TEMPO QUE TEMOS
(© Imagem Filmes/Divulgação)

É verdade que Todo Tempo Que Temos parece até um título que perdeu o timing de lançamento logo quando A Culpa das Estrelas estourou faz uma década e vieram outras obras querendo fisgar o público jovem-adulto aficionado neste "subgênero", mas a verdade é que a doença em si é um detalhe a parte. Tudo porque Andrew Garfield e Florence Pugh estão excelentes aqui ao retratar incidentes tão familiares para uma geração que se vê indecisa em abraçar o conforto de uma vida caseira ou de entrar em um relacionamento logo quando as oportunidades afora parecem mais tentadoras a ponto de comprometer a saúde em prol do sucesso.


Andrew Garfield e Florence Pugh em TODO TEMPO QUE TEMOS
(© Imagem Filmes/Divulgação)


Se a montagem parece trabalhar para remediar uma choradeira no final, o que mais me tocou em Todo Tempo Que Temos (We Live In Time, no original), entretanto, é o senso de ternura com que o cineasta conduz as cenas, desde ao pai passando espuma de barbear na nuca do filho para um toque macio até um banho de banheira com direito a muitos doces. Se os momentos difíceis nos tornam mais fortes, são justamente os mais simples gestos de prazer que valem todo o esforço na vida.




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