sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Fala Sério, Mãe! | CRÍTICA


Uma das mais bem-sucedidas escritoras brasileiras contemporâneas, Thalita Rebouças parece ter encontrado uma fórmula ideal para dialogar com o universo adolescente tupiniquim, ainda mais quando seus contos não ficaram presos apenas ao papel e à tinta, ganhando espaço em programas televisivos, peças de teatro e com a estreia de É Fada! nos cinemas. Depois de adaptado para o seriado As Brasileiras sob o título de "A Mamãe da Barra" estrelando Glória Pires, chegou a vez de Fala Sério, Mãe! ganhar sua adaptação cinematográfica e fazer seu retrato, ainda que com muita cara de TV, do perfil das jovens famílias do Brasil.

Quer você goste ou não, não há como negar que Ingrid Guimarães e Larissa Manoela sejam duas das atrizes que mais fazem sucesso de público no meio audiovisual e que o lançamento desta nova versão de Fala Sério, Mãe!, com direção do global Pedro Vasconcelos, venha justamente na época em que as produções nacionais sempre tenham bilheterias expressivas, propondo a diversão e autorreflexão que os(as) espectadores(as) costumam buscar diante das telonas. No filme, Ingrid é Ângela Cristina, uma carioca de classe média que, instintivamente, possui um amor inestimável pela primeira filha, Maria de Lourdes – ou, como mais tarde e melhor, Malu (Larissa Manoela) –, não medindo esforços para cuidar e prover o melhor à menina e, posteriormente, aos filhos mais novos. Só que tanto carinho, às vezes, podem soar exagerados e ainda privar tanto a mãe quanto o pai (interpretado por Marcelo Laham) de sua relação particular.

Assim, o roteiro co-escrito por Guimarães e Paulo Cursino (Um Suburbano Sortudo, Até Que A Sorte Nos Separe 3), além das eventuais colaborações de Thalita Rebouças e de Pedro Vasconcelos, mostra que aderir à maternidade (ou paternidade) nada mais é do que um exercício ininterrupto em que não se pode exigir uma imediata lei do retorno; muito se abdica em prol do bem-estar dos filhos, por mais que não se ouça palavras de gratidão ou desculpas no calor das discussões.

Afora a esperada pagação de micos típica do choque de gerações e deixando passar batido o uso gritante de perucas (sobrou até para o garoto João Guilherme Ávila) e uma terrível mixagem de som de uma música tocada ao violão na praia, a narrativa acerta na transcrição do perfil familiar ao atribuir características próximas do espectador, até porque crescer vendo uma mãe fã de Fábio Jr. e/ou ter um irmão do meio que busca a atenção com uma bateria e/ou ter uma irmã mais nova e quietinha não é nenhuma raridade pra ninguém, convenhamos. São tocantes também os momentos mais particulares entre mãe e filha, onde um caloroso abraço é capaz de remediar qualquer febre ou mágoa mesmo debaixo de água fria.

Logo quando se estender na dramaticidade de alguns incidentes poderia ser muito bem-vindo na proposta da narrativa (o que não quer dizer que seria uma sessão de choradeira), amenizados pela proposta cômica geral ou pela recorrência às narrações, Fala Sério, Mãe! está longe de ser o filme definitivo sobre o tema, mas diverte e agrada principalmente o público que procura colocar a família em primeiro lugar.




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