Da diretora do agonizante e aclamado curta-metragem O Duplo, vem aí uma comédia peculiar e que promete ser morrer de rir. Uma trama que se desenvolve a partir de números musicais cujas letras foram parcialmente escritas por Juliana Rojas, a diretora de Sinfonia da Necrópole que, em sua filmografia, sempre trabalhou o terror, o suspense e o fantástico, agora abraçando elementos do humor.
Depois de passar por 17 festivais desde 2014, o longa entrará em circuito comercial pela Vitrine Filmes a partir de abril de 2016.
Um sinônimo para “cemitério” é a palavra “necrópole”, que significa “Cidade dos Mortos”. É um local que carrega uma forte carga simbólica – embora faça parte da cidade, é uma área onde subentende-se que não está sob o nosso domínio, estamos lá como visitantes, para venerar aqueles que se foram. Estar lá nos transporta a reflexões existenciais mas também nos evidencia a brutalidade da matéria, a decomposição da carne.
Os cemitérios possuem, em medidas iguais, elementos assustadores e uma atmosfera pacífica. Por abrigarem sepulturas de diversas épocas, também permitem que se entenda muito sobre a história e a estrutura de classes de uma sociedade. O crescimento populacional torna necessária a expansão desses cemitérios e a presença de uma equipe de funcionários que dê conta do fluxo de óbitos e sepultamentos.
É do interesse pelas particularidades dessa vida prática da necrópole que nasceu a ideia desse filme. Sinfonia da Necrópole busca desenvolver uma crônica bem-humorada sobre essa cidade dentro da cidade. Revela o cotidiano de uma outra cidade (o cemitério) dentro da cidade (no caso, São Paulo), sem deixar de explorar o potencial de fantasia que o cemitério ocupa no imaginário do público.
A escolha de uma história de amor entre personagens pouco convencionais – um aprendiz de coveiro em crise de carreira e uma burocrata do serviço funerário – também surge como possibilidade de explorar as relações humanas dentro de um lugar sem vida.
O uso das canções entra como um elemento de distanciamento na história – cada canção serve para narrar um aspecto diferente desse microcosmos, nos revela os interesses e inquietações de um grupo diferente de personagens. A escolha pelo registro de filme musical também transporta o espectador para uma experiência lúdica – a partir do momento em que se aceita esse elemento anti-naturalista de narrativa, torna-se aceitável também o uso de elementos sobrenaturais.
As letras das músicas foram escritas pela própria diretora, algumas em parceria com Ramiro Murillo, que também assina a produção musical, coreografia e arranjos das canções e Marco Dutra, co-diretor de vários filmes realizados por Juliana e também responsável pelas composições do longa.
Sinfonia da Necrópole estreia no dia 14 de abril.
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