A bibliografia de Stephen King, a um olhar distante, parece ser uma máxima de contos fantásticos geralmente assustadores que, apesar de uma certa mesmice, cativam leitor e espectador com relativo êxito. Tendo encontrado em Mike Flanagan, expoente do terror contemporâneo que despontou de vez com A Maldição da Residência Hill e até Doutor Sono (também escrito por King), um queridinho para adaptar suas obras, acaba que A Vida de Chuck se torna mais um papo redundante de coach do que um drama metafísico de quebrar a cabeça.
Montado de forma decrescente, isto é, começando a partir de um "terceiro ato" catastrófico, a narrativa circunda pessoas que, de certa forma, tem alguma conexão próxima ou distante com Chuck, mas todos desconhecem o que o personagem vivido por Tom Hiddleston faz ou deixa de fazer a não ser a sua onipresença em cartazes e demais formas de comunicação. É curioso como Flanagan aproveita esse primeiro terço apocalíptico para nosso desconforto para, então, apresentar um filme com maior animosidade e, talvez, seus melhores e tenros momentos.
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(© Diamond Films/ Divulgação) |
Mescla de Forrest Gump com Peixe Grande, a grande verdade é que o filme só começa a nos conquistar lá da metade pro final, quando entendemos toda a relação de Chuck ainda criança com os avós (grande destaque para Mark Hamill e Mia Sara) sendo o protagonista interpretado pela grande e carismática revelação que é Benjamin Pajak para, posteriormente, ser conduzido na adolescência por Jacob Tremblay com uma melancolia tocante.
Bonito na superfície, mas confuso a ponto de nem o elenco famoso segurar as pontas tamanho texto existencialista a esmo, A Vida de Chuck parece ser mais uma isca fácil para quem se deixa levar por melodramas de fatalismos patológicos que volta e meia reaparecem com suas áureas pretensões.
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