Novo filme de Paolo Sorrentino tem cara de ter sido lançado fora de seu tempo, principalmente pela abordagem sobre personagens femininas.
Em "Parthenope", conhecemos a história de uma jovem que nasceu no mar, recebendo o nome de uma das sereias da mitologia grega. Sua beleza extraordinária é objeto de desejo de todos ao seu redor, incluindo seu irmão e um padre. A protagonista, que simboliza a beleza de Nápoles, acaba sendo utilizada apenas para evidenciar homens hipnotizados por sua perfeição inalcançável, em meio a uma fotografia lavada e um clima quente.
A tentativa de representar a eterna busca pelo belo filosófico (kalos) por meio do corpo feminino soa ultrapassada, e, embora Sorrentino pareça ciente disso, as camadas adicionadas à personagem são tão superficiais que agravam a percepção. Embora ela obtenha notas máximas em suas avaliações, suas interações com o professor se mostram mais provocantes do que intelectualmente estimulantes, e o suposto brilhantismo que a caracteriza nunca é efetivamente demonstrado.
Apesar de Sorrentino ser reconhecido por tratar seus personagens como mitos, conferindo-lhes um ar de divindade – como fez com Maradona em "A Mão de Deus" e com Roma em "A Grande Beleza" – aqui a atribuição da virtude da beleza a uma mulher, sem um suporte narrativo consistente, soa desatualizada. Embora muitos comentem sobre "Parthenope", atribuindo à protagonista um ar de mistério, essa característica não se traduz em relevância para o espectador.
No fim, o filme parece ser ideal para exibições de fundo, em canais secundários ou como decoração em ambientes como restaurantes, onde suas belas imagens mascaram a falta de conteúdo.
Confira o trailer legendado
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