sábado, 22 de abril de 2017

Paixão Obsessiva | CRÍTICA


Duas mulheres disputando o mesmo homem. Premissa narrativa das velhas – e até mesmo machista – tão exaustivamente repetida na literatura, cinema, novelas, seriados e que poderia muito bem definir Paixão Obsessiva, filme de estreia da veterana produtora Denise Di Novi (Amor a Toda Prova, Golpe Duplo) como diretora. Tendo como aliado o suspense, a produção teria tudo para proporcionar incidentes dignos ou inéditos além das mesmas ameaças com objetos pontiagudos ou provocações dissimuladas, mas o que se vê aqui é uma série de reiterações próximas do vexame.
 
Fazendo a lição de casa, Di Novi até que entrega ilustres momentos perturbadores do que consegue extrair do roteiro de Christina Hodson (Refém do Medo) dignos de um thriller de temática semelhante. Desse modo, conhecemos Julia Banks (Rosario Dawson) em uma circunstância desoladora: com sangrentos cortes no rosto, a escritora ouve de policiais que ela esteve em contato com seu ex-marido (e agressor) por conversas virtuais e que até mesmo uma peça íntima sua estava no carro dele, recebendo, por fim, a notícia de que o sujeito encontrava-se morto e em sua atual morada.



A incredulidade de Julia vem a se justificar com o que o filme nos mostra meses antes do incidente, quando ela está de malas prontas para viajar de San Francisco, abandonando seu prestigiado trabalho, rumo ao norte da Califórnia onde pretende morar e casar com David Connover (Geoff Stults), um empreendedor de cerveja artesanal que, por sua vez, possui uma filha com a recatada e protetora Tessa (Katherine Heigl). Apesar do relacionamento solene em prol de Lilly (Isabella Rice), a ricaça ainda nutre sentimentos pelo ex-marido e passa a revelar um comportamento progressivamente transtornado ao notar que Julia não só parece inapta para cumprir as várias atividades diárias da menina, como está noiva de David e impedindo todas as chances de uma reconciliação.

Sucede-se, então, uma série de incidentes dos mais previsíveis possíveis – e isso inclui uma compra de vestido igual, sumiços de objetos e até queda de escada – que se tornam mais e mais entediantes e, nisso, a roteirista decide apimentar a metade do filme com ousadas cenas de sexo (aproveitando a moda Cinquenta Tons De Cinza) cujo resultado é pouco sensual e passível de risos tamanha apelação desenfreada. Apesar de uma ou outra boa piadinha (a comparação com Gollum vem a calhar), acaba que Paixão Obsessiva se esquiva de narrar sobre relacionamentos abusivos com propriedade, apesar de sua construção inicial plausível, deixando de se tornar aquilo que seu título original (Unforgettable) diz ser.



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