terça-feira, 19 de abril de 2016

No Mundo da Lua | CRÍTICA


Na Terra ou No Mundo da Lua, o que prevalece são os laços familiares promovidos pela amizade. Nesta animação do espanhol Enrique Gato, há uma paixão incomensurável pelo cinema americano e seus arquétipos, assim como em As Aventuras de Tadeo. Na propulsão adquirida por recentes filmes espaciais, o diretor e equipe olham para o céu na busca de uma história que agrade as pessoas de todas as idades, mas podem deixar as mesmas com aquela agridoce sensação do "já vi isso antes".

Longe da corrida espacial há anos, os Estados Unidos se sentem intimidados a retomar o ambicioso e caríssimo projeto quando Richard Carson, simulacro de Lex Luthor e herdeiro de uma boa frase de efeito e de uma grande fortuna baseada na extração de diversos combustíveis ao longo dos tempos, decide fazer uma viagem para a Lua por conta própria a fim de extrair o esverdeado Hélio-3, eficaz como fonte de energia e como arma de destruição em massa. A tempo de deter o magnata vilanesco, e apagar a teoria sobre Stanley Kubrick e o pouso da Apollo 11 em 1969, a presidente estadunidense convoca os já aposentados astronautas para treinar os novatos, acostumados a pilotar apenas simuladores, mas um deles tem problemas com seu ausente e amargurado pai.

É aí que entram os praticantes de wind-surfing: o garoto Mike Goldwing, sua amiga Amy González e o amigo-nerd Marty Farr com seu lagarto de estimação cheio de apetrechos prontos para a ação. Esperançosos, os jovens tentam de tudo para que o avô e o pai de Mike se reconciliem, driblando as teimosias do velho que, obviamente, vai confessar seus motivos no momento mais crítico e, claro, com sua cota de emoção. Das sequências divertidas, mas previsíveis, que percorrem mar, terra e céu, é certamente no espaço onde a diversão toma conta, uma divisão de três linhas narrativas que consegue trabalhar melhor seus personagens que mais nos interessam, além de melhorar os momentos de ação que necessitam mérito pelo seu curioso e até que distinto design de som. Uma pena que o 3D, que emprega bem a profundidade em suas cenas (um caso cada vez mais raro), não seja interativo com seu público, ainda mais quando há objetos ou confeitos de chocolate flutuando pela nave em gravidade zero.


Atrapa La Bandera, como é chamado originalmente, é uma animação que não tem vergonha de homenagear suas inspirações fílmicas nos diálogos e nos visuais, que lembra de um passado (restrito) onde se acreditava que o homem (americano) poderia conquistar as estrelas, quem sabe almejando ser superior ao materialismo do dia-a-dia. A ganância de alguns pode prevalecer, mas a subversão que existe no trio de astronautas é um caso engraçado e curioso, e o orgulho de uma personagem ao contar a sua experiência é uma projeção para o futuro que viria a calhar.



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